Nesta terça-feira, 14 de abril, completam 100 anos que a doença de Chagas foi descoberta. Carlos Justiniano Ribeiro das Chagas, nascido no município de Oliveira, foi responsável por um fato único na história da ciência brasileira: a descrição completa do ciclo biológico, relacionando o agente etiológico, o vetor e o hospedeiro.
A doença
Também conhecida como mal de Chagas, a doença é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitida através de insetos vetores, os triatomíneos, conhecidos popularmente como barbeiros. Trata-se de um inseto hematófago, ou seja, se alimenta de sangue, e, enquanto se alimenta, libera suas fezes contendo o parasito. A picada do inseto causa coceira e, dessa maneira, serve como porta de entrada para os parasitos.
Nos primeiros meses de infecção, a doença de Chagas segue um curso agudo, caracterizado pela presença de parasitos no sangue. Nesse período, é comum a presença de febre prolongada e recorrente, cefaléia, mialgias, entre outros.
Aproximadamente, três meses após a infecção, a doença desenvolve um curso crônico, com os parasitos albergados nos diferentes tecidos. A fase crônica pode ser assintomática ou sintomática.
Apenas 30% das pessoas desenvolvem algum sintoma da doença de Chagas, que pode afetar o sistema digestivo, e principalmente o sistema cardíaco. O controle da doença consiste basicamente no controle da transmissão vetorial, da transmissão transfusional (através de extensivo controle nos bancos de sangue) e da transmissão vertical, identificando gestantes chagásicas, ou recém nascidos por triagem neonatal.
Situação da doença em Minas
Atualmente os casos diagnosticados de doença de Chagas são de pessoas que foram infectadas há muitos anos (casos crônicos). Desse modo, não é possível determinar o número de chagásicos em Minas Gerais, uma vez que o banco de dados nacional para notificação da doença (SINAN) só registra os casos de infecções recentes (casos agudos). Como nos últimos anos não houve comprovação da ocorrência de casos agudos da doença de Chagas no Estado, os dados de prevalência também são baseados em estimativas.
Entretanto, sabe-se que um grande número de pessoas foi infectado antes do controle do Triatoma infestans, fazendo com que hoje o Estado tenha um grande contingente de casos crônicos, remanescentes desse período. Estima-se que em Minas Gerais 300 mil pessoas sejam portadoras da doença de Chagas e que no Brasil esse número seja de aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, casos remanescentes do período em que havia transmissão vetorial intensa.