Dois homens foram presos na operação “Medina” deflagrada pela Polícia Civil, na manhã desta quarta-feira (24), por um esquema de pirâmide financeira em que eles enganaram cerca de 600 investidores. Os suspeitos de 39 e 60 anos moravam em uma casa de luxo no bairro Paquetá, região Leste de Belo Horizonte, em que o aluguel custava R$ 18 mil. Na residência havia ainda cinco carros de luxo, sendo que um deles custava R$ 250 mil.

De acordo com a Polícia Civil, o dono da empresa, de 60 anos, criou um falso banco em Belo Horizonte chamado “Medina Bank” em que ele oferecia investimentos em bitcoins – moeda virtual – às vítimas com lucros de até 15%. “Eles alegam que trabalhavam com investimentos de bitcoins, investimentos esses que até agora não conseguiram comprovar”, contou a delegada Monah Zein. 

Segundo as investigações, as vítimas eram cooptadas por meio de panfletos entregues nas ruas do centro da cidade. A dupla pagava R$ 100 a funcionários para que entregassem as propagandas do falso banco.  Nos primeiros meses os investidores recebiam os 15% dos lucros, mas depois pararam de receber.

“Não havia um produto de investimento. Eles pegavam os dinheiros de novos investidores, ficavam com uma parte e com a outra parte, iam pagando os outros. O fato é que a pirâmide foi afunilando e eles não tiveram mais dinheiro para pagar e começaram a dar os golpes. Eles já montaram essa pirâmide sabendo que iam quebrar e obtinham lucros vultuosos com o crime”, explicou a delegada. A pirâmide quebrou a cerca de dois meses. 

As próprias vítimas procuraram a Polícia Civil e denunciaram o crime. As investigações começaram em junho do ano passado. O homem mais velho é o dono da empresa e o mais novo atuava junto com ele. Os dois estavam morando juntos na casa de luxo e tinham uma vida de alto padrão.

O suspeito mais velho foi vítima do novo coronavírus. Mesmo sem plano de saúde, ele ficou internado no hospital particular Mater Dei, na região Centro-Sul de Belo Horizonte e pagou tudo particular, gastando cerca de R$ 500 mil no tratamento. 

“Nós pedimos a quebra de sigilo das contas dos suspeitos para saber onde entrou e saiu e onde está esse dinheiro, por que esse dinheiro tem que estar em algum lugar e com certeza o patrimônio que ele (o homem mais velho) tem é mais que suficiente para pagar às vítimas”, considera a delegada.

As investigações continuam para descobrir tanto onde estava o dinheiro como mais detalhes de como os suspeitos agiam e se há outras pessoas envolvidas no esquema. Ainda será apurado o total de vítimas e o perfil delas. Dez policiais participaram da operação nesta quarta e, além das duas prisões, foram cumpridos dois mandados de apreensão. 

Um homem inteligente e que enganava muito bem as pessoas

A delegada contou que o suspeito de 60 anos impressionou os policiais com seu poder de persuassão para enganar as pessoas. O homem vendia marmitex na região Centro-Sul de Belo Horizonte e nesse momento aproveitava para tentar trazer os clientes para a pirâmide. 

“Eles nos enrolaram bastante e mesmo assim não apresentaram nem metade dos bens, eles não querem produzir provas contra si mesmos, mostrando a quantidade de dinheiro que eles receberam no aporte financeiro. As buscas hoje foram interessantes por que pegamos muitos documentos e cheques de pessoas que seriam prejudicadas”, informou a delegada. 

Pelas redes sociais o suspeito dono da falsa empresa se identifica como jornalista e diz que quer comprar pelo menos onze bancos. “O homem que vendia marmitex no parque municipal de Belo Horizonte – MG, e hoje é um grande empresário”, foi escrito nas redes sociais dele.

A delegada afirmou que os dois suspeitos vão responder por crime contra a economia popular, com agravantes, no entanto ainda não se sabe qual deve ser as penas dos dois, vai depender do indiciamento. Eles foram encaminhados ao sistema prisional e os carros de luxo foram apreendidos. A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos suspeitos. 

Fonte: O Tempo

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