O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), usou a maior parte de sua fala em uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira (27) para criticar Jair Bolsonaro e a forma como o presidente vem lidando com a pandemia do coronavírus.

Na quinta-feira (26), o tucano informou que teria sido ameaçado de morte por bolsonaristas devido à discussão que teve com Bolsonaro em uma reunião com governadores. Doria discorda do fato do presidente pregar o fim do isolamento social, prática adotada no mundo todo para conter o avanço da pandemia.

Nesta sexta, o governo lançou, com R$4,8 milhões de dinheiro público, a campanha “O Brasil não pode parar“, que prega a volta à normalidade para “salvar” a economia.

“Queria na condição de brasileiro, cidadão, e governador, dizer que o Brasil pode parar. Pode parar para lamentar a irresponsabilidade de alguns e chorar a morte de muitos”, disse Doria ao abrir sua fala na coletiva de imprensa.

“Nossa homenagem aqui aos profissionais de saúde, aos cientistas, aos socorristas, aos brasileiros de bem, que estão salvando vidas, enquanto alguns preferem desprezar vidas.”

As críticas de Doria não ficaram no terreno da indireta. O governador citou nominalmente Jair Bolsonaro.

“Hoje mais de 50 países estão em quarentena, lutando contra uma pandemia. O mundo inteiro está errado e o único certo é o presidente Jair Bolsonaro? Será esta a racionalidade? O mundo errado e um dirigente certo? Reflitam sobre isso”, disparou o governador.

Doria disse ainda que, atualmente, há “dois governos” no país: um que seria representado pelo Ministério da Saúde e seus técnicos, e outro que seria representado pela narrativa anti-isolamento e de minimização da pandemia encampados por Bolsonaro.

“Há um documento oficial do Ministério da Saúde, pregando o isolamento. Há um decreto assinado pelo presidente da República, defendendo o isolamento, um decreto de calamidade pública”, continuou.

“A campanha que o governo federal está lançando hoje, nas emissoras de televisão e redes sociais, prega justamente o contrário. Afinal, temos um governo federal ou dois governos? Um que acerta na sua política pública, no Ministério da Saúde, com técnicos, especialistas e cientistas, e outro que prega exatamente o contrário. Qual dos dois governa o Brasil?”

Disse que os R$4,8 milhões gastos na campanha poderiam ser usados para comprar insumos, ajudar os mais pobres e dar “informação correta” para a população.


Fonte: Revista Fórum e O Antagonista

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