Pesquisadores chineses anunciaram um marco histórico na ciência dos materiais: o desenvolvimento do primeiro supercondutor capaz de operar em temperatura e pressão ambiente, sem necessidade de condições extremas de resfriamento ou compressão. O feito, resultado de anos de pesquisa, pode transformar setores inteiros da economia, da transmissão de energia ao transporte.

O avanço foi obtido por cientistas da Academia Chinesa de Ciências, que criaram um composto de níquel rico em hidrogênio, projetado por meio de ajustes precisos em sua rede cristalina. Diferente dos supercondutores anteriores, que exigiam pressões gigantescas para manter suas propriedades, o novo material preserva o estado supercondutor a 22 °C e sob pressão atmosférica comum.

Segundo os pesquisadores, a inovação só foi possível graças ao uso de uma liga de alta entropia, na qual átomos de hidrogênio foram posicionados em locais estratégicos da estrutura cristalográfica. Esse arranjo estabiliza o pareamento de elétrons por um mecanismo não convencional de acoplamento elétron-fônon, reforçado por efeitos de hibridização orbital — uma combinação inédita que aumenta a robustez da fase supercondutora.

Nos testes realizados, o composto demonstrou resistência elétrica zero em um circuito de 3 quilômetros, sem qualquer perda de energia ao longo de 30 dias de transmissão contínua. Outra vantagem é a possibilidade de produção em pellets, o que abre caminho para aplicações em escala industrial, superando limitações de amostras criadas apenas em ambiente de laboratório.

As aplicações potenciais são vastas: redes elétricas capazes de transmitir energia sem perdas, sistemas de transporte por levitação magnética sem necessidade de resfriamento, além de centros de dados muito mais eficientes. Tanto que a State Grid Corporation da China já iniciou projetos-piloto em duas cidades industriais para testar linhas supercondutoras baseadas no novo material.

Apesar do entusiasmo, os cientistas reconhecem que ainda há obstáculos técnicos a superar, como a velocidade e a durabilidade da fabricação em grande escala. Mesmo assim, avaliam que o caminho até a implantação massiva está significativamente mais curto do que se imaginava.

Com essa conquista, a China se coloca na dianteira da corrida global por supercondutores de próxima geração, reforçando seu protagonismo científico e tecnológico e sinalizando mudanças profundas na infraestrutura energética e na indústria mundial.

 

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