Antes de Grace Hopper, comunicar-se com computadores era como tentar conversar usando código Morse. Essa cientista visionária da Marinha dos Estados Unidos acreditava que as máquinas deveriam compreender a linguagem humana — e, com essa ideia, transformou a história da computação.

Em 1952, Hopper desenvolveu um tradutor que permitia converter comandos em inglês simples para linguagem de máquina, abrindo caminho para os softwares, sites e aplicativos que usamos hoje.

Grace Murray Hopper nasceu em Nova Iorque, em 9 de dezembro de 1906. Formou-se em Matemática e obteve um doutorado pela Universidade de Yale, tornando-se professora na Faculdade Vassar.

Durante a Segunda Guerra Mundial, tentou ingressar na Marinha, mas foi recusada por ter 34 anos. Determinada, entrou para a reserva naval, onde começaria uma das carreiras mais marcantes da história da tecnologia.

Em 1944, integrou a equipe de Howard H. Aiken em Harvard, participando da programação do computador Harvard Mark I, um dos primeiros computadores eletromecânicos do mundo. Durante o projeto, foi coautora de três artigos científicos sobre o sistema.

Poucos anos depois, em 1949, Hopper juntou-se à Eckert-Mauchly Computer Corporation, onde trabalhou no UNIVAC I, o primeiro computador comercial produzido nos Estados Unidos.
Foi nesse período que criou seu grande legado: o compilador A-0, concluído em 1952. O programa traduzia instruções escritas em inglês para código de máquina, simplificando drasticamente o processo de programação.

Essa inovação originou o Flow-Matic, uma linguagem de alto nível voltada para aplicações comerciais — precursora direta do COBOL (Common Business Oriented Language), desenvolvido em 1959.

Embora não tenha participado diretamente da codificação do COBOL, Hopper influenciou sua criação e participou de comitês que definiram suas especificações, propondo uma linguagem acessível a usuários de negócios.

Além de sua genialidade técnica, Grace Hopper ficou famosa por popularizar o termo “bug”, usado para designar falhas em sistemas. A história conta que, ao investigar um problema no Mark II, ela encontrou um inseto morto preso entre os circuitos.

Desde então, o termo tornou-se parte do vocabulário da computação — embora registros indiquem que Thomas Edison já o utilizava no século XIX.

Ao longo da vida, Hopper recebeu 40 títulos honorários, além da Medalha Nacional de Tecnologia (1991). Em sua homenagem, a Universidade de Yale renomeou uma de suas faculdades, e a Marinha batizou o contratorpedeiro USS Hopper em 1998.

O supercomputador Cray XE6 “Hopper”, do NERSC, também leva seu nome. Em 2016, recebeu postumamente a Medalha Presidencial da Liberdade, concedida por Barack Obama.

Grace Hopper faleceu em 1º de janeiro de 1992, aos 85 anos, deixando como herança uma revolução silenciosa: foi ela quem ensinou as máquinas a entender a linguagem humana, tornando possível a era digital que define o mundo moderno.

 

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