A inflação atingiu em setembro 10,25% em 12 meses, o maior índice anualizado desde a implantação do Plano Real em 1994.

O controle da inflação, conseguido com o Plano Real, trouxe previsibilidade para os investidores e beneficiou a todos, principalmente os mais vulneráveis, com o controle dos preços básicos (produtos e serviços).

Infelizmente, o atual governo assiste desde 2020 imóvel o aumento da inflação, fruto do aumento dos preços de alimentos, materiais de construção, combustíveis (gasolina, diesel, etc.), de gás de cozinha, etc. Os administradores públicos não exerceram seu papel regulador do mercado, seja através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ou adoção de ações para estimular a produção a menor custo ou a importação de alguns produtos.

A causa principal da inflação é a disparada internacional da cotação internacional das commodities (alimentos, minérios, petróleo), a desvalorização do dólar, e, recentemente, a crise hídrica e energética com o reajuste das contas de energia elétrica.

A taxa anualizada da inflação de 10,25% é o dobro da meta estipulada para o Banco Central e é esperado novo aumento da taxa de juros na próxima reunião do Copom.

A população sofre a expectativa, já vivida, de enfrentar a guerra diária contra a inflação, como aplicar o mais rápido possível os recursos financeiros e fazer compras imediatamente para evitar novos reajustes.

A disparada da inflação exigirá do Banco Central e das demais autoridades econômicas ações firmes, como aumento da taxa de juros, disciplina fiscal, rigor na gestão orçamentária, limite do endividamento público, controle da oferta interna de produtos básicos, etc. De todo modo, o governo, para evitar a volta da hiperinflação, terá de reeditar medidas rígidas para restringir o dinheiro em circulação (meio circulante), como ocorreu em 1995 e 1996, com a prática de taxas de juros elevadas, restrição a gastos, investimentos e empréstimos.

Os sacrifícios são válidos para evitar um cenário de hiperinflação, já ocorrido antes do Plano Real, com perda do poder de compra dos agentes econômicos.

O atual governo tem queda de popularidade e sua situação ficou mais difícil depois da revelação dos principais administradores da economia brasileira, Ministro da Economia e presidente do Banco Central, terem aplicado milhões de dólares em empresas offshore em paraísos fiscais, revelando justamente eles terem optado deixar suas aplicações a salvo das vicissitudes políticas e econômicas nacionais, enquanto o povo brasileiro sofre o encarecimento de itens básicos nacionais com cotação internacional (alimentos e combustíveis, principalmente).

As medidas econômicas para estancar a inflação devem ser adotadas o quanto antes melhor. O atual governo não tem condições políticas de adotar ações fortes de combate à inflação, principalmente às vésperas do pleito eleitoral de 2022. Dessa forma, até 2023, somente serão adotadas medidas paliativas, deixando para o próximo governo executar plano de governo para debelar a inflação.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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