No dia 22.03 o Banco Central (BC) manteve a taxa Selic em 13,75% e decepcionou os agentes políticos e os empresários dos setores produtivos.

Em comunicado, o BC explicou que a decisão tem como única preocupação a colocação da inflação dentro das metas, mas cometeu erro de não equilibrar sua decisão à necessidade de manter o desenvolvimento econômico e o nível de emprego. Com isso, o BC afrontou o parágrafo único, do artigo 1०, da Lei Complementar n० 179, de 2021, onde está previsto o BC ter por objetivo legal assegurar a estabilidade de preços, mas “sem prejuízo de seu objetivo fundamental, o Banco Central do Brasil também tem por objetivos zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.”

Após isso, a bolsa de valores teve forte queda nas cotações das ações e disparou o dólar.

Essa decisão mostrou insensibilidade com o atual cenário econômico e, pior, o BC expressou estar ciente de que suas decisões geram recessão interna: “Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom.”

Quer dizer, de prancheta e calculadora na mão, o BC toma decisões às custas das agruras da população, como perda de faturamento das empresas, demissões, falências, dificuldades de crédito, baixa demanda de produtos, paralisação de fábricas do setor automotivo.

Tomar decisões a portas fechadas é fácil, mas difícil seria andar pelas cidades e ver as dificuldades das pessoas e empresas.

Em uma clara visão distorcida da economia real, com visão apenas dos aspectos financeiros, no comunicado o BC reafirma também sua decisão ser compatível com a convergência da inflação para a meta e com a flutuação do nível de atividade econômica e do pleno emprego: “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”

Novamente esta afirmação é destoada de conexão com a realidade, pois a única compatibilidade da manutenção da taxa de juros em 13,75% é com a manutenção donível decadente de atividade econômica e emprego.

A seguir o BC mostrou estar ciente dos fatores de riscos para alta da inflação e dos componentes para a sua queda, mas reafirmou: “o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas.”

Pelo decidido, a taxa de juros foi mantida, em meio a contendas retóricas com o setor político e produtivo, sem preocupação e até com desprezo com o interesse público, com ênfase na preocupação excessiva com o combate com a inflação, alienada das necessidades dos setores produtivos. Precisaríamos ter uma decisão equilibrada, pois não adianta controlarmos a inflação, às custas da destruição da economia real.

 

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