O Brasil, no período de 2011 a 2020, teve uma década perdida de crescimento econômico, marcada por crises políticas, econômicas e, agravada, em 2020, pela pandemia do coronavírus.

A deputada federal, Carla Zambelli, em seu Twitter, no dia 21.12.2020, às 21h19, publicou: “Para desespero daqueles que torcem contra o Brasil, a economia dá grandes sinais da recuperação em V que o Ministro Paulo Guedes previu.

Essa afirmação é baseada nos aumentos da arrecadação federal nos dois últimos meses de 2020 e do número de emissões de notas fiscais eletrônicas. A análise não reflete outros fatores.

A recuperação não tem bases sustentáveis, comprometida pelo acirramento da inflação, disparada do dólar, aumento do endividamento (das famílias, das empresas e do Estado), desemprego, incremento da desigualdade social. Isso faz o tripé econômico do Real (câmbio, meta fiscal e meta de inflação) não garantir a estabilidade.

No dia-a-dia, a população tem reajustes enormes de preços como, por exemplo, alimentos (arroz, óleo, leite, etc.) e materiais de construção (cimento, ferro, aço, tijolo, etc.), devido a problemas logísticos na produção e disparada da cotação do dólar.

Por isso, diferente do restante do mundo, para conter a inflação devemos ter reajuste da taxa de juros, dos atuais 2% para a faixa, de 6% a 8%, em 2021.

Além disso, a dívida pública chegou a 92% do PIB e o investimento público caiu, mas o governo federal está inativo para fazer ajustes fiscais e reformas.

As dificuldades econômicas, em 2020, escancararam as desigualdades sociais, flagradas nas filas dos mais de 60 milhões de brasileiros para receber o auxílio emergencial. Apesar dessa ajuda, a pandemia aumentou os sem emprego, sem renda, etc.

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, defensor da menor participação do Estado na economia, teve de executar plano de ajuda financeira pública para as pessoas, as empresas, os Estados e os Municípios. Essa ajuda foi necessária para suprir as falhas de funcionamento do mercado. É um equívoco defender rigorosa disciplina fiscal e cumprimento de teto de gastos, quando morrem pessoas e empresas, pois não se pode pedir sacrifícios de quem perdeu tudo na crise sanitária e econômica.

Para 2021 a expectativa é de continuidade das dificuldades econômicas e Jair Bolsonaro, preocupado com a manutenção dos seus índices de popularidade nas classes humildes, após perder apoio nas classes médias e altas, já discursa sobre os obstáculos para liberar um novo auxílio emergencial para a população, quando, dia 05.01, afirmou: “Brasil está quebrado. Não consigo fazer nada”.

Felizmente, a equipe do governo federal (atiçada com o protagonismo de João Dória) se convenceu ser necessária a vacinação, para proteger a população, e, dessa forma, minimizar a pandemia e regularizar as relações sociais e econômicas, para ter recuperação do crescimento.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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