Desde janeiro, o país tem assistido a uma média de um escândalo por semana. Não passaram 23 dias sem que haja um nova denúncia de corrupção. Conforme levantamento realizado por O TEMPO, foram 35 semanas e 36 escândalos envolvendo integrantes do governo federal, congressistas e políticos de peso nacional.
A maioria está sendo investigada pelos órgãos fiscalizadores, mas, até o momento, nenhum caso foi concluído ou teve punição. Ao contrário, na semana passada, a deputada Jaqueline Roriz foi absolvida pela Câmara de Deputados depois de ter sido flagrada recebendo dinheiro de forma ilícita. Ela continua com o mandato.
As denúncias de corrupção no governo federal já derrubaram três ministros – Casa Civil, Transporte e Agricultura -, o que fez surgir a proposta da chamada faxina ética, mas a presidente Dilma Rousseff foi a público dizer que essa não era meta de seu governo.
Parlamentares, liderados pelo senador Jarbas Vasconcelos e os deputados Fernando Gabeira e Gustavo Fruet, lançaram uma frente anticorrupção. Mas, segundo dados do próprio Congresso, existem mais de 70 projetos em tramitação que objetivam prevenir e combater a prática que estão parados ou caminhando lentamente.
Algumas entidades da sociedade civil também começaram a se movimentar. Uma manifestação em Brasília, promovida por internautas, está marcada para a próxima quarta-feira, 7 de setembro, data em que é comemorada a Independência do Brasil. Os internautas pedem para que os manifestantes não levem bandeiras de partidos, só a do Brasil.
Segundo o ranking de 2010 da Transparência Internacional, que avalia o índice de corrupção de vários países, o Brasil está na 69ª posição, tal como Cuba e Romênia. Em uma escala que vai de zero a dez, na qual a nota dez representa a ausência da corrupção, o Brasil obteve nota 3,7 – a média mundial é 4,03 pontos. No ano anterior, a nota foi a mesma. Em 2008, o país teve 3,5 pontos.
Segundo o economista e fundador da organização não governamental Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, a corrupção não é um problema específico do Brasil. Há levantamentos do Banco Mundial que mostram que a corrupção consome US$ 1 trilhão por ano em todo o mundo, valor equivalente ao que é investido na indústria de armamentos mundial.
Ele lembra que o custo da corrupção no Brasil é de 1,38% a 2,38% do Produto Interno Bruto (PIB), o que significa, em média, R$ 67 bilhões. Os dados são da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e obtidos a partir do Índice de Percepção da Corrupção, calculado pela ONG Transparência Internacional. O montante, segundo Castello Branco, seria suficiente para custear os gastos do Ministério da Saúde em 2010 – cerca de R$ 65 bilhões.
Na avaliação do fundador da ONG Contas Abertas, a corrupção no Brasil não tem aumentado nem diminuído. Ele explica que o país está, desde 1995, quando foi criado o ranking da Transparência Internacional, sempre em posições muito próximas. Entretanto, ele lembra que essa imobilidade causa um desânimo na população, que é o pior mal da corrupção.
Alfredo Nascimento
CPI. Irritado com a pecha depositada em seu partido pela faxina de Dilma, o presidente do PR ameaça apoiar a CPI da corrupção no Senado. Faltam seis adesões, mesmo número de senadores da sigla.

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