Centenas de pessoas foram internadas este ano em Belo Horizonte com dengue. O secretário municipal de Saúde, Helvécio Magalhães Júnior, revelou terça-feira que o vírus da doença se tornou mais agressivo, sacrificando ainda mais as pessoas contaminadas. Mais de 260 pessoas que tiveram dengue clássica precisaram de cuidados hospitalares. A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) investiga também 80 casos de febre hemorrágica e mais um caso foi confirmado na terça. O paciente J.F.F., de 51 anos, foi atendido no Centro de Saúde Venda Nova, mas passa bem. Ao todo, cinco pessoas da capital desenvolveram a forma mais grave da dengue. O óbito de M.A.B., no Bairro São Cristóvão, na Região Nordeste, deixou em alerta os moradores da região, que temem também contrair a doença.
A Secretaria de Estado de Saúde, no entanto, só tem registro de cinco casos suspeitos de febre hemorrágica em Minas, porque os municípios só notificam os gestores estaduais quando há poucas dúvidas sobre o diagnóstico. Duas pessoas morreram da forma grave de dengue e outros três óbitos estão em investigação. Segundo o secretário Helvécio Magalhães, a dengue avança em números e gravidade, fragilizando principalmente a saúde de crianças e idosos. ?No Rio há predominância do vírus DEN 2 e em BH, do DEN 3. Percebemos maior agressividade do vírus, mesmo nos casos de dengue clássica contraída pela primeira vez. Um paciente de dengue em BH desenvolveu um quadro de cardite, que é uma infecção no coração, mas se recuperou e está bem. A dengue clássica tem causado mais casos de encefalite e outros sintomas e complicações do que em anos anteriores?, afirma Helvécio.
Surto
Neste ano, um surto de dengue tomou conta da Região Nordeste, com 2.130 casos da doença, o que representa 64% dos registros da capital. Na terça-feira, um grande mutirão de limpeza percorreu os bairros Goiânia, Nazaré, Belmore e Vista do Sol. Além dos profissionais de saúde, agentes de zoonose e vigilância sanitária, participaram servidores da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas. Foram mobilizados 300 profissionais e 27 caminhões para recolher móveis velhos, pneus, garrafas, latas, vasos, pratinhos e objetos que servem como reservatório do mosquito. A SMSA já fez sete mutirões este ano e recolheu ao todo 1,2 mil toneladas de entulho.
A SMSA já solicitou ajuda do Ministério da Saúde para esclarecer a causa da concentração da doença na Região Nordeste da capital. ?Temos o Barreiro como um bom exemplo no combate à dengue, pois as ações já são desenvolvidas lá, de forma harmoniosa, há 10 anos. É a região com o menor número de casos, com apenas 27 confirmações. Na Nordeste também não houve interrupção dos trabalhos, mas há um surto localizado, principalmente nos bairros Cachoeirinha e Santa Cruz. Percebemos que o vírus da dengue está cada vez mais disseminado. Na epidemia de 1998, a doença ficou localizada em áreas periféricas, em aglomerados e vilas, mas este ano houve uma redução nesses locais e a enfermidade pode ser constatada em pessoas de classe média?, informou Helvécio.
Calhas
De acordo com o secretário, pela primeira vez calhas das casas se tornaram também reservatórios do mosquito. ?Já encontramos larvas com dois tipos de vírus da dengue e atualmente as calhas têm sido um problema para armazenar água e servir como foco. Precisamos pesquisar cada vez mais sobre a doença, pois as previsões quanto ao futuro em relação a dengue são preocupantes. Aquecimento global, descartáveis no meio ambiente, agressividade do vírus e presença do vetor são fatores que nos indicam que teremos casos cada vez mais graves?, disse o secretário.
Moradores da Região Nordeste foram informados sobre o mutirão por campanha educativa. A dona-de-casa Severina Rosa Marques, de 51 anos, aproveitou a coleta para se livrar de madeiras, além de garrafas, vasos e pratinhos de plantas. ?Estou preocupada com a dengue e já havia separado o que poderia juntar água para jogar fora?, disse.
Em BH virus da dengue fica mais agressivo
Vírus da dengue fica mais agressivo
Secretaria Municipal de Saúde confirma novo caso de febre hemorrágica na capital e alerta para aumento da gravidade da doença, o que já levou mais de 260 doentes à internação.
Durante mutirão que recolheu objetos
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