Na cidade que carrega o nome de uma das maiores personalidades da história brasileira, a arquitetura colonial preservada atrai visitantes de todas as partes do país. Em cada restaurante, sabores e temperos especiais da culinária que inspira a mineiridade. Aos pés da serra de São José, Tiradentes, no Campo das Vertentes, viu sua vocação para o turismo crescer mais a cada ano e mover toda uma cadeia produtiva. Mas, há mais de um mês, a pandemia obrigou a cidade a fechar mais uma vez, e ruas e becos seculares ficaram completamente vazios. A situação em Tiradentes resume a crise sem precedentes pela qual todo o setor passa por conta da pandemia. Conforme o secretário estadual de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, a cada cinco empresários que atuam na cadeia do turismo, quatro estão endividados.
Como a principal atividade econômica do município é o turismo, os impactos são ainda mais graves. É o que conta o presidente da Associação Empresarial de Tiradentes (Asset), Wellersom Cabral. “Ao menos 30% das empresas não vão conseguir abrir mais. O setor que move a cidade é o da hotelaria e dos restaurantes. Dos últimos 13 meses, nós só conseguimos abrir por pelo menos cinco, e a queda do faturamento é de mais de 80%”, revela.
Só em 2020, a cidade viu o movimento de turistas cair 60%. Na última quinta-feira, o governador Romeu Zema (Novo) chegou a anunciar que 70% do Estado avançou para a Onda Vermelha do Minas Consciente, mas a região de Tiradentes ficou fora.
“As associações dos municípios turísticos fizeram uma carta pedindo atenção especial para essas localidades. Estamos há muito tempo nesse abre e fecha, não conseguimos honrar as folhas de pagamento mais, e as linhas de crédito que pegamos no início estão com a carência vencendo”, enfatiza Cabral. 
“O que eu vejo é um desmantelamento da atividade econômica. Se demorar mais, corremos o risco de perder grande parte da nossa rede hoteleira, principalmente as pousadas, que não tem fôlego. Estamos no momento mais crítico”, diz o secretário de Cultura e Turismo. Luiz César Costa, proprietário de uma pousada na cidade aberta no fim do ano, teve que demitir todos os funcionários em contrato de experiência por falta de recursos em caixa: “Tentei implantar o delivery, mas começou a dar mais prejuízo”.

Aposta em proximidade

O turismo acumulou um prejuízo de R$ 21,6 bilhões em Minas e ainda fechou 57 mil postos de trabalho no ano passado, segundo dados da Confederação Nacional de Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC). Diante da crise, a aposta para ajudar a recuperar o segmento é no turismo de proximidade – viagens curtas, em um raio de até 300 km da cidade de origem e geralmente realizadas em um fim de semana. É o que conta o secretário Leônidas Oliveira, que trabalha em três frentes: promoção dos destinos turísticos, mobilidade e ajuda na manutenção da atividade. “O programa Minas para Minas funcionou muito no ano passado e ajudou o Estado a se consolidar como um dos locais mais receptivos do mundo”, afirma. 
Outra ação implementada foi em um dos principais destinos turísticos do Sul de Minas, o distrito de Monte Verde, em Camanducaia. Para fazer os decretos, a prefeitura teve a contribuição de um app criado pela Agência de Desenvolvimento de Monte Verde e Região para controlar a entrada e a saída dos turistas.

Socorro

Representantes do setor de hotelaria, turismo, eventos e comércio se reuniram, na tarde de terça-feira (20), para discutir a elaboração de um Plano Emergencial para a retomada do turismo de negócios e eventos na capital mineira. De acordo com o presidente da Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau, Jair Aguiar Neto, em um prazo de dez dias, um documento com os principais pleitos da categoria será elaborado para se retomar a captação de turistas e eventos. O texto será entregue ao governo de Minas e à Prefeitura de Belo Horizonte.
Eles pedem a isenção de impostos e taxas municipais e estaduais, bem como a criação de linhas de crédito. “Queremos entregar esse pedido em mãos para Romeu Zema e Alexandre Kalil. Vamos solicitar uma reunião, e esperamos que nos recebam”, diz Aguiar Neto.

Fonte: O Tempo

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