Minas Gerais aumentou em 30% a captação de órgãos em três meses. O Estado, que, em dezembro do ano passado, registrava uma média de 9,8 órgãos transplantados por cada milhão de habitantes, atingiu em março a marca de 12,5. Os dados são do MG Transplantes e mostram que, quando comparado ao resto do país, os mineiros têm ainda um longo caminho a percorrer: Minas aparece apenas em décimo lugar. O primeiro colocado é São Paulo, com 26,9.
Em números absolutos, quando o total de habitantes não é levado em conta, Minas aparece em segundo lugar no ranking, com 61 cirurgias de janeiro a março deste ano, perdendo somente para São Paulo, com 229 transplantes.
O advogado Álvaro Eduardo dos Santos, 52, acaba de entrar para a estatística. Depois de 11 anos de luta contra hepatite C e uma consequente cirrose, ele recebeu um novo fígado no dia 3. Natural de Campo Grande (MS), ele se mudou com a mulher, Maria Thereza Mujica, 52, há um ano para Minas na esperança de agilizar a cirurgia.
Meu marido começou o tratamento em São Paulo, mas, depois de muita espera, o médico nos aconselhou a buscar outro centro de referência e nos mudamos. Antes da mudança, o casal viajava para a capital paulista, a 994 km de sua cidade, a cada três meses para receber o tratamento.
O também advogado Luciano Kahey, 27, ficou 11 meses na fila de espera e, há nove anos, recebeu a doação de uma córnea para o olho direito. Passei por uma aflição muito grande. Na escola, eu tinha vergonha de mostrar meu problema. Dizia que estava enxergando, mas na verdade eu não via nada, contou.
Do outro lado
Se mais pessoas estão tendo a chance de uma nova vida, é porque o número de doadores é cada vez maior. Foi assim com a família da universitária Bárbara Quaresma, assassinada depois de um latrocínio (roubo seguido de morte) na Cidade Nova, na região Nordeste da capital. Mesmo com todo o sofrimento da família, eles doaram as córneas da jovem.
Foi uma decisão difícil. Mas há muita gente sofrendo, esperando. Fizemos o que era certo, demos esperança a alguém, disse o o pecuarista Ricardo Quaresma, tio de Bárbara.
Mais um caso
O advogado Paulo Lamas acompanhou a filha há dois anos em um tratamento à espera de um rim. Com apenas 8 anos, a menina precisa sair da aula mais cedo três vezes por semana para fazer hemodiálise.

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