O estudo foi feito pelo economista Mário Rodarte, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que analisou a série de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. Na média de Minas, o emprego formal na década analisada cresceu 5% ao ano. O universo de trabalhadores com registro saiu de 2,72 milhões em dezembro de 1999 para 4,13 milhões em junho deste ano.
?Os dados não significam que o emprego está migrando para o interior. Há um crescimento geral na economia formal, mas o importante é a intensidade maior naqueles municípios em que a formalidade não tinha vez ou era muito marginal. Uma mudança para as pessoas que almejavam ascensão de carreira e acreditavam que o caminho estaria sempre nas maiores cidades?, afirma Rodarte. Houve expansão nos ramos farmacêutico, de padarias e no comércio de móveis na cidade de 120,77 mil habitantes.
Há pelo menos três fatores que explicam esse bom desempenho dos menores municípios, segundo o economista: a formalização das contratações na agroindústria, a forte expansão da produção do chamado setor primário da economia, os produtos agrícolas e minerais, e a política de reajustes do salário mínimo. Esse cenário fortaleceu o consumo, gerando mais emprego e renda, fenômeno que estimulou o comércio e o setor de serviços.

Foi esse o impulso para Itabira, com 105,15 mil habitantes, mais que dobrar o número de trabalhadores formais, de 14.089 pessoas em dezembro de 1999 para 32.903 em junho, representando crescimento de 10,5% ao ano. Paulo Henrique Tôrres, de 22 anos, contratado em abril na Vale, diz ter percebido o aquecimento da economia local. ?A procura por bons profissionais é muito grande. Pretendo seguir carreira na mineração e fazer este ano o vestibular de engenharia?, conta.

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