No verão, por conta da exposição intensa ao sol, as campanhas de prevenção ao câncer de pele se tornam mais comuns. Ainda assim, é errado pensar que no inverno esses cuidados devem ser deixados de lado. Segundo Ricardo Antunes, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia e diretor do Instituto Paulista de Cancerologia, os raios ultravioleta B (ou UV B) alternam sua intensidade em alguns períodos, mas os raios ultravioleta A (ou UV A) têm poder de penetração regular durante todo o ano.
?Grande parte dos casos de câncer de pele está relacionada ao raio ultravioleta B, que é mais agressivo à pele e penetra conforme a intensidade solar. Já o ultravioleta A tem relação com o melanoma, que é um câncer mais severo. O raio penetra a camada de ozônio com facilidade e atinge as pessoas de forma menos intensa, mas contínua?, afirma Antunes.
Ainda de acordo com o cancerologista, o alerta principal no inverno é para pessoas com pele tipo 2, ou seja, com pele muito clara, geralmente loiros e ruivos, que têm olhos claros. Pessoas com essas características são mais sensíveis e, portanto, estão mais vulneráveis ao câncer de pele. ?O ideal é optar por proteções mecânicas, como chapéus, óculos escuros e camiseta, e também usar filtro solar?, afirma.
O especialista ressalta ainda que o câncer de pele é um tipo de efeito cumulativo, que pode aparecer 20, 30 ou 40 anos depois da exposição exagerada aos raios UV A e UV B. Estima-se que, por ano, cerca de 120 mil novos casos de câncer de pele sejam descobertos. Para Antunes, os números devem ser ainda mais alarmantes porque muitos casos da doença no Brasil não chegam a ser registrados.
<b> Áreas de maior incidência</b>
As regiões do corpo em que o câncer de pele é mais comum são as áreas mais expostas à radiação solar, como face, braços e tronco.
Para evitar surpresas desagradáveis, as pessoas que têm pele mais sensível à radiação devem examinar sardas, lesões, e feridas que não cicatrizam e sangram. Pintas escuras que mudam de características (escurecem, aumentam ou mudam de textura) também merecem atenção. ?Ao notar qualquer modificação, deve-se procurar um médico?, diz.
<b>Prevenção</b>
O câncer de pele é geralmente curado por meio de intervenções cirúrgicas. Por serem cirurgias complicadas e com resultados estéticos nem sempre satisfatórios, segundo Antunes, investir em educação e informação é a melhor opção.
?É importante que as crianças saibam desde cedo do perigo de se expor ao sol sem proteção. Quanto aos cuidados a se tomar é importante o uso de filtro solar e não considerar que o inverno é um sinal verde para a exposição solar à vontade?, diz.
Protetores solares até o fator 30 são suficientes. Vale lembrar, no entanto, que a proteção dura apenas 30 minutos e o protetor deve ser reaplicado a cada banho e situação de suor. ?É importante evitar períodos de maior intensidade solar, entre 10h e 15h, que também são perigosos no inverno?, afirma.