Os tremores de terra que vêm sendo registrados em Divinópolis estão deixando a população preocupada. Diante disso, a equipe da TV Integração ouviu o especialista em Infraestrutura Sismológica do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), Jackson Calhau, que deu detalhes sobre esse fenômeno registrado na cidade.

Conforme mostrado pelo g1, o município registrou mais de 13 tremores em menos de uma semana.

“Desde o dia 10 de janeiro estamos registrando uma sequência de tremores em Divinópolis, o maior deles teve magnitude 3 foi o primeiro desta sequência. Até o momento, já foram 16 tremores, mas provavelmente este número é maior. Antes desta sequência o último tremor que registramos em Divinópolis foi em 1990 e teve magnitude 2.8”, destacou.

Segundo Calhau, no Brasil ocorrem tremores de magnitude 2 e 3 praticamente todas as semanas. O especialista explicou também que na maioria das vezes a população não sente estes tremores.

Apesar dessa informação, em Divinópolis há relatos de moradores de vários bairros que sentiram os tremores, um dos motivos segundo o especialista, é devido ao epicentro do tremor estar próximo a cidade.

 

Tremores causam estragos?

De acordo com a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), tremores com magnitude de 2 a 4 são semelhantes ao impacto da passagem de um veículo grande e pesado. Magnitude entre 4 e 6 quebra vidros, provoca rachaduras nas paredes e desloca móveis. Ainda segundo a RSBR, magnitude entre 6 e 7 provoca danos em edifícios e destruição de construções frágeis.

Magnitude entre 7 e 8 danos graves em edifícios e grandes rachaduras no solo e magnitude entre 8 e 9 provoca destruição de pontes, viadutos e quase todas as construções e magnitude maior que 9 destruição total com ondulações visíveis.

“Normalmente, esses tremores são calculados por movimentações em falhas e fraturas na crosta terrestre, essas falhas e fraturas estão presentes em todo nosso território nacional, Divinópolis deve ter também a sua”, acrescentou o especialista.

Registros sismográficos

O especialista explicou ainda que na região a estação mais próxima da Rede Sismográfica Brasileira fica a 100 km de distância de Divinópolis. Por isso nem todos os registros de abalos sísmicos na cidade são captados pelo Centro de Sismologia USP. Com isso, a Universidade conta com a ajuda de uma plataforma onde a pulação contribui com informações sobre o tremor.

“Quanto mais gente relatando o tremor, sabemos que o epicentro está mais próximo desse grupo de pessoas, além disso, conseguimos gerar um mapa de intensidade. Então como as pessoas perceberam, sentiram esse tremor, nos ajudam neste monitoramento regional”, afirma.

Tremores

O primeiro registro de tremor na cidade foi no dia 10 de janeiro: 3.0 na Escala Richter; o número é considerado magnitude baixa. Os demais registros variam entre 1.6 e 2.9 de magnitude.

O segundo registro foi na quinta-feira (13). Na sexta-feira (14) foram registrados outros dois tremores na cidade. Todos os tremores foram constatados pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR). No sábado (15) foram seis registros.

Tremores de terra registrados em Divinópolis

DataHoraMagnitude
15/0110h261.9
15/0110h232.4
15/018h382.1
15/016h341.8
15/014h452.4
15/014h391.6
14/0118h042.2
14/010h041.6
14/0123h582.0
13/0119h301.8
13/0115h322.9
13/0115h252.8
10/0120h133.0
Fonte: RSBR

A Prefeitura disse, após o segundo registro na quinta-feira (13), que entrou em contato com a Central de Sismologia, do Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférica da Universidade de São Paulo para notificar e saber mais informações sobre o ocorrido.

Os tremores foram sentidos por moradores dos bairros Lagoa dos Mandarins, Icaraí, Centro Industrial, Ponte Funda, Belvedere, Manoel Valinhas e Danilo Passos, Serra Verde, Vila Romana.

Prefeitura busca explicação

 

Quando ocorreu o segundo abalo sísmico, o g1 procurou o Executivo e o Corpo de Bombeiros para saber se houve algum registro de atendimento por causa do fato.

Segundo a Prefeitura, foram muitas pessoas que ligaram para questionar o que teria ocorrido. Não houve registros por parte dos bombeiros.

Diante dos chamados, a Administração Municipal emitiu uma nota e disse que a vice-prefeita Janete Aparecida (PSC), juntamente com o prefeito Gleidson Azevedo (PSC), o secretário de Administração, Thiago Nunes, e a diretora de Comunicação, Samara Souza, entraram em contato com a Central de Sismologia, do Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférica da Universidade de São Paulo para notificar e saber mais informações sobre o ocorrido.

“Jackson Calhau Souza, que faz parte do corpo técnico administrativo do setor, solicitou que todo divinopolitano que tenha sentido o tremor deve acessar link, na área ‘Sentiu Ai’ e informar sobre o ocorrido. O relato dos divinopolitanos pode auxiliar os estudiosos a descobrirem as possíveis causas dos tremores sentidos na cidade, nos últimos dias”, finalizou a nota.

Fonte: g1 Centro-Oeste

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