A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (18), em Minas Gerais e outros três Estados, a operação Terceira Parcela, que buscou apreender materiais que evidenciem fraudes na concessão do auxílio emergencial.

Foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, sendo 20 em Belo Horizonte e na região metropolitana. A operação esteve em 39 cidades mineiras. O prejuízo estimado é da ordem de R$ 15 milhões, o que renderia cerca de 25 mil parcelas do auxílio emergencial. 

As investigações se concentraram principalmente em grandes organizações que chegavam a captar recursos dos beneficiários e também em nome de pessoas que não teriam direito ao auxílio para pagar contas de água, luz e telefone. 

“Toda a investigação é focada em fraudes estruturadas, ou seja, indivíduos ou organizações criminosas que conseguiram identificar falhas no sistema, aproveitaram determinados pontos dessa falha e conseguiram um alto índice de captação monetária, utilizando ou não laranjas conscientes ou inconscientes”, explicou o delegado da Polícia Federal, Cleo Matusiak Mazzoti.

Essa é a terceira etapa da operação. As fraudes foram descobertas após a Caixa receber um alto número de contestações de beneficiários, com reclamações de que o auxílio emergencial não teria chegado até eles, apesar do sistema acusar que o valor já teria sido utilizado. 

Com a operação, Polícia Federal também acredita que bilhões de reais deixaram de ser desviados. “Nós conseguimos evitar, juntamente com os outros órgãos que fazem parte da estratégia integrada, que 3,8 milhões de benefícios fossem pagos indevidamente. Se você multiplicar por R$ 600, que é o valor do auxílio, dá R$ 2 bilhões. Se multiplicar ainda por três, que seria o número de parcelas, chegamos a R$ 6 bilhões. Muito dificilmente essa quantia total seria ressarcida”, pontuou o delegado.

Nesta fase da operação, a ações se concentraram em Minas Gerais, mas também foram desenvolvidas em municípios da Bahia, do Tocantins e da Paraíba. A operação também tem o objetivo se identificar, a partir de celulares e computadores apreendidos, a participação de cada indivíduo no esquema criminoso, além do núcleo e suas ramificações pelo país. 

O delegado da Polícia Federal Adriano Gechele de Oliveira, que coordenou a operação em Minas Gerais diz que os investigados possuem perfis variados. “Em Minas Gerais foram cerca de 50 alvos. Temos perfis de todos os tipos. A gente achou que seria mais de pessoa da classe média ou baixa, mas também já identificamos pessoas de classe alta. Mas essa é só uma etapa, onde nós estamos buscando elementos para continuar as investigações”, disse. 

Quem avisa amigo é

A Polícia Federal recomenda que as pessoas que receberam o auxílio emergencial indevidamente procurem uma agência da Caixa para fazer a devolução, para que não respondam criminalmente pelo ato. 

Ninguém foi preso nesta etapa, mas caso fique comprovado o delito, os investigados na operação da Polícia Federal poderão responder pelos crimes de organização criminosa e fraude. Outras tipificações também podem ser enquadradas, mas dependerá do que for apurado ao longo da investigação. 

Relembre

A investigação que busca identificar organizações criminosas por de trás de fraudes no auxílio emergencial é coordenada pelo grupo de Estratégia Integrada contra as Fraudes ao Auxílio Emergencial (EIAFAE) que conta com a participação da Polícia Federal, do Ministério da Cidadania, da Caixa Econômica Federal, do Ministério Público Federal (MPF), da Receita Federal (RF), da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU).

A primeira etapa da operação, batizada de primeira parcela, foi deflagrada em novembro de 2020 em três estados. Na época apurou-se um prejuízo de R$ 350 mil apenas no Estado de São Paulo. Já em dezembro de 2020, foi deflagrada a segunda etapa da operação, batizada de segunda parcela. Na data, R$ 650 mil foram bloqueados em contas de indivíduos que receberam o auxílio emergencial indevidamente. Além disso, sete pessoas foram presas.

Fonte: O Tempo Online

COMPATILHAR: