O gradativo crescimento dos investimentos estaduais na saúde indígena, e a eficácia da assistência oferecida a esses povos, implantada em 2003, são alguns dos motivos para festejar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 10 de dezembro (sexta-feira). A assistência indígena tem como objetivo garantir que os índios tenham acesso aos serviços básicos de saúde oferecidos pelo SUS, dentro da própria aldeia. Para isso procura-se garantir as atividades in loco das equipes multidisciplinares de saúde, como as equipes do Programa da Saúde da Família (PSF) que atuam em municípios com jurisdição indígena.
Segundo a coordenadora de Saúde Indígena da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Simone Faria de Abreu, só neste ano foi disponibilizado, para 17 equipes de saúde indígena, o valor mensal de R$ 2 mil por equipe, o que contabiliza o valor anual de R$ 408 mil para custear as ações realizadas nas aldeias. Além disso, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) denominados Agentes Indígenas de Saúde (AIS) são os próprios indígenas, moradores da aldeia. Isto significa que eles são responsáveis pelas visitas, pela marcação das consultas e por identificar as demandas de saúde da comunidade.
A SES também desenvolve projetos sociais nas aldeias como o ?Resgate da Medicina Tradicional Indígena?, com ações de cultivo de horta de plantas medicinais utilizadas em sua etnia, viveiro, minhocário e quarto de secagem e, ainda, o registro oficial desse conhecimento em nome do detentor do saber por etnia. ?O projeto busca manter a tradição do uso das plantas medicinais próprias da sua cultura, o que propicia a redução de gastos em medicamentos alopáticos e a sobreposição de uso com plantas medicinais?, afirma Simone Faria.
Outro projeto desenvolvido nas aldeias é o ?Saúde Mental Indígena – Supera?, que procura capacitar e conscientizar os agentes comunitários de saúde indígena (ACSI) para lidar com a incidência de alcoolismo nas aldeias, com a realização de oficinas educativas para a comunidade junto às equipes de saúde in loco. O projeto ainda dispõe de recursos para a aquisição de material esportivo e recreativo.
Outras razões para se comemorar a data, são os treinamentos que foram realizados para as equipes de saúde indígena abordando a saúde da criança, assistência farmacêutica, saúde mental indígena. E o início da implantação do plano diretor da atenção primária específico para a população indígena de Minas Gerais, incluindo também as comunidades indígenas do Espírito Santo.
Doações
Neste ano também foram celebrados contratos de doação junto a 13 municípios que possuem aldeias incluindo vários tipos de bens, como:
– Antenas de retransmissão, TVs de 50 polegadas e ventiladores nos centros de saúde das aldeias com a finalidade de promover a formação e educação à distância das equipes e acesso à informação sobre saúde para toda a comunidade indígena.
– Kit contendo cinco equipamentos de uso em consultórios dos centros de saúde das aldeias, visando promover o apoio na estruturação da sua infraestrutura física o mais próximo do usuário indígena.
– Nove motocicletas para aldeias com difícil acesso para o transporte de materiais de pequeno porte em distâncias consideráveis, com praticidade para a população indígena. Doação de uma camioneta com tração em duas rodas para a maior etnia do Estado, a Xakriabá que possui 55 aldeias, visando uma maior integração entre a população indígena e o posto de saúde entre as aldeias para garantir a cobertura total das regiões de difícil acesso e comunicação.
Conheça as nações indígenas residentes em Minas Gerais:
– Pataxó: hoje, cerca de 300 índios vivem em Itapecerica, no Centro-Oeste do Estado, e Carmésia, no Leste de Minas. São originários do Sul da Bahia, de onde vieram depois da instalação do Parque Nacional de Monte Pascoal, em 23 hectares de terra.
– Xakriabá: tem como referência São João das Missões, no Norte de Minas. Hoje existem cerca de 7.500 índios dessa etnia.
– Kaxixó: tem como referência os municípios de Martinho Campos, no Centro-Oeste do Estado, e Pompéu, na região Central. O número de remanescentes é indeterminado. Atualmente são cerca de 330 habitantes, que lutam contra a destruição de sítios arqueológicos pré-coloniais em seu território.
– Krenak: vivem em Resplendor, no Leste do Estado. São cerca de 270 índios. Em decorrência de sua história caracterizada pela dispersão, esses indivíduos encontram-se espalhados em diversas áreas indígenas. Em Minas Gerais, são 32 famílias divididas em três aldeias.
– Maxakali: habita os municípios de Bertópolis, Santa Helena de Minas, Ladainha e Pavão, no Vale do Mucuri. Nesses dois municípios vivem cerca de 1.360 índios. Nessa nação a desnutrição é resultado da degradação das terras, contaminação das águias e da adaptação de práticas tradicionais de caça, pesca e coleta de alimentos. O consumo de álcool contribui para agravar o quadro.
– Aranã: os cerca de 250 índios dessa etnia têm como referência os municípios de Araçuaí e Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha. A origem desse povo está ligada aos Botocudos. Aldeados pelos Capuchinhos, em 1873, quando epidemias dizimaram a população. Alguns sobreviventes migraram para Itambacuri, no Leste do Estado. Preocupado com a valorização de sua memória, esse povo organiza-se pelo reconhecimento oficial de sua identidade étnica.
– Pankararu: tem como referência o município de Coronel Murta, onde vivem cerca de 20 índios remanescentes. Vieram de Pernambuco e se espalharam por várias regiões do Brasil ao longo do século XX. A partir de 1994 estabeleceram-se no Vale do Jequitinhonha, onde receberam 60 hectares de terra doados pela Diocese de Araçuaí. Com cultura marcante, estimulam outras nações a resgatarem a história e a origem, como os Aranã.
– Xukuru-Kariri: vivem no município de Caldas, no Sul de Minas. Originários de Alagoas, são atualmente cerca de 90 habitantes.
– Mucurim: localizada no município de Campanário, no Leste do Estado.
– Cinta Vermelha – junção de Indígenas Pankararu e Pataxó Jundiba: localizados no município de Araçuaí.

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