O estudante de medicina veterinária Antônio Stábile dos Santos, que flagrou uma sucuri fêmea sendo perseguida por cinco machos atravessando uma estrada em Ituverava (SP), disse nesta quarta-feira (7) que a cobra estava assustada e rastejava rapidamente.

“Ela é muito rápida. Ela começou a atravessar rápido porque levou um susto. Nisso, nós vimos um monte atrás”, afirmou.

O flagrante foi feito no final de setembro na estrada que dá acesso à represa da Faculdade de Ituverava Dr. Francisco Maeda (Fafram). Stábile e os amigos faziam estágio quando escutaram um funcionário da faculdade chamando por eles e pedindo para filmar.

“A gente correu. Quando a gente olhou, era a sucuri atravessando do lado do brejo para dentro da represa. Aí ele falou ‘filma para nós, porque a gente está sem celular’. Eu peguei o celular e comecei a filmar e fiz o vídeo que todo mudo viu”, contou.

Perseguição

Segundo o estudante, a fêmea tinha entre seis e sete metros e as cobras que faziam a perseguição eram menores. De início, ele até pensou que fossem filhotes, mas descobriu que eram machos tentando conquistá-la.

“No vídeo eu falo que eram os filhotes porque eram todos do mesmo tamanho. Depois, conversando com os veterinários, descobrimos que eram os machos atrás da fêmea”, disse.

O biólogo Willianilson Pessoa explica que as fêmeas são maiores que os machos, pois possuem uma dieta voltada a presas maiores e também precisam dar conta de dezenas de filhotes.

Ele afirma que as serpentes não têm cuidado parental e, por conta disso, não era possível que os outros animais flagrados por Stábeli fossem os filhos da sucuri fêmea.

“A sucuri dá a cria e cada um dos filhotes segue seu caminho e ela segue o dela. Ao encontrar serpentes juntas em qualquer lugar do Brasil, é muito provável que elas estejam copulando ou em período reprodutivo”.

Outro ponto destacado por Pessoa é que as fêmeas liberam um hormônio no ambiente que faz com que os machos comecem a segui-la até que a copulação seja aceita.

“Nesse processo, o que pode acontecer é um deles tentar copular e ela não permitir, já que seu orifício possui uma escama que fecha a abertura. Então, quando ela permite, ela libera essa cloaca”, explica.

Grandes, pesadas e independentes

O biólogo Cláudio Machado lidou durante anos com essa espécie no Instituto Vital Brazil, em Niterói (RJ), e explica que a sucuri que aparece no vídeo é uma Eunectes murinus, a mesma espécie da famosa cobra que ilustrou a abertura da novela “Pantanal”.

Ele afirma que essas serpentes são as segundas maiores do mundo e as mais pesadas do planeta, podendo passar de 100 kg e atingir até 7 metros.

Machado diz que durante esse processo de “conquista” das fêmeas pode ocorrer até um combate entre os machos, e há a possibilidade de mais de um deles copular com a mesma cobra. Sendo assim, há casos de uma ninhada com mais de um pai.

O biólogo também afirma que é possível que as sucuris se reproduzam sozinhas. “Hoje já se sabe que algumas sucuris podem se reproduzir independentemente dos machos, como se criasse clones dos óvulos, e que também podem armazenar espermatozoides por muitos anos para ter os filhotes apenas quando as condições ambientais que ela julgar necessárias estiverem boas”.

Fonte: G1

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