Cerca de 700 alunos de cursos técnicos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), uma das grandes apostas da presidente Dilma Rousseff, ofertados pela Fundação de Educação para o Trabalho em Minas Gerais (Utramig) em Belo Horizonte correm o risco de ter que abandonar os estudos. Desde o início das aulas, em julho, eles estão sem receber a bolsa-formação, que custearia despesas como transporte e alimentação.
Como a maioria dos alunos é de baixa renda, as turmas de segurança do trabalho e de outros seis cursos técnicos sofrem com a evasão. ?Muitos colegas já desistiram, e eu mesmo estou pensando nessa possibilidade. Estou desempregada há um mês e, para economizar o dinheiro para o ônibus, deixei de pagar contas como água e luz?, conta uma aluna de 29 anos.
A direção da Utramig alega que não oferece a bolsa aos alunos porque o Ministério da Educação (MEC) não repassou, em julho, o R$ 1,8 milhão prometido. Ao todo, segundo a fundação, R$ 7,5 milhões deveriam ter sido repassados. ?Não temos recursos próprios para arcar com essas despesas?, justificou o chefe de gabinete da Utramig, Felipe Carrara.
A mesma situação ocorre na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que solicitou ao ministério cerca de R$ 3 milhões para custear a matrícula de mais de 6.000 alunos de cursos previstos para o próximo dia 21. ?Não vamos começar as aulas se o dinheiro não estiver disponível?, garantiu uma das coordenadoras do programa na Unimontes, Renata Canela.
Outro lado. Em nota, o MEC informou que publicou uma portaria em agosto autorizando o repasse, que deve ocorrer até ?meados de outubro?. O ministério alega, entretanto, que o custo total dos cursos na Utramig é de R$ 1,8 milhão, e não de R$ 7,5 milhões.

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