Pacientes diagnosticados com a doença de alzheimer costumam apresentar também quadros de depressão, mas a relação entre as duas enfermidades nunca foi bem-compreendida pela ciência. Agora, um estudo realizado por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que uma toxina presente no cérebro de pessoas que sofrem de demência pode provocar os sintomas da depressão.
O estudo revela ainda que camundongos que receberam a toxina, chamada de oligômeros de Abeta, para simular sintomas de uma pessoa com Alzheimer e depressão, e que foram tratados com o medicamento antidepressivo fluoxetina apresentaram melhoras na perda de memória e nas alterações de humor.
O cérebro de pessoas com Alzheimer sofre acúmulo dessa toxina, que ataca as sinapses, meio pelo qual acontece a comunicação entre um neurônio e outro. A ação das toxinas deixa os neurônios desconectados e causa falhas de memória.
Segundo Sérgio Ferreira, professor titular do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e autor responsável pelo estudo, o experimento envolveu cem camundongos, avaliados em dois períodos distintos: durante as primeiras 24 horas após a aplicação da toxina e oito dias depois da injeção dos oligômeros.
Os resultados mostraram que as cobaias apresentaram perda de memória e alterações compatíveis com comportamento depressivo. A conclusão foi obtida após a aplicação de testes que são utilizados comumente para diagnosticar casos de depressão em roedores, como o nado forçado, suspensão do camundongo pela cauda e preferência pelo açúcar.
Os cientistas, então, buscaram formas de tratar os sintomas até chegarem à fluoxetina, utilizada atualmente no tratamento contra a depressão. A surpresa dos pesquisadores foi descobrir que o remédio melhorou também a memória dos animais. Isso abre uma perspectiva de que a fluoxetina pode ser utilizada no tratamento de Alzheimer.
No Brasil, uma em cada 150 pessoas tem essa doença, que começa a se desenvolver com o avanço da idade. Estimativa dos especialistas da UFRJ é que entre 800 mil e 1,2 milhão de pessoas do país foram acometidas. Geralmente, o Alzheimer pode apresentar sintomas a partir dos 65 anos.

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