Um novo estudo sugere que o vírus da chikungunya chegou ao Brasil pelo menos um ano antes do que foi detectado pelos sistemas de vigilância de saúde pública e foi importado da África Central.

Cientistas do Centro de Infecção e Imunidade (CII) da Escola de Saúde Pública da Columbia Mailman e da Fundação Oswaldo Cruz publicaram suas descobertas na revista “Scientific Reports”.

Amostras de sangue coletadas no Instituto Nacional de Infectologia do Rio de Janeiro entre março de 2016 e junho de 2017 foram analisadas por meio de um teste genético. O teste identificou 40 amostras positivas para o vírus chikungunya e negativas para o vírus da dengue e zika.

Em seguida, os pesquisadores testaram novamente essas amostras usando um teste que pode verificar simultaneamente a presença do zika, todos os sorotipos do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus do Nilo Ocidental. O teste confirmou o teste anterior, mas realizado com maior sensibilidade, sugerindo que poderia identificar o vírus quando outros testes não podiam.

Quatorze dessas amostras, representando as datas ao longo do período de coleta de quinze meses, foram posteriormente analisadas usando um método desenvolvido para diagnóstico, vigilância e descoberta de vírus. Este novo teste possibilitou a recuperação de sequências genômicas virais quase completas e a identificação dos vírus como representantes do genótipo do vírus chikungunya do leste-centro-sul-africano.

Uma análise das quatorze sequências genômicas mostrou uma forte correlação entre a divergência genética e a data em que a amostra foi retirada. Isso permitiu que os pesquisadores identificassem um “relógio molecular” baseado no ritmo das mutações entre as amostras.

O calendário sugeria que o vírus poderia ter circulado em 2012 e provavelmente foi importado da África Central. O vírus chikungunya foi relatado pela primeira vez por sistemas de vigilância de saúde pública em 2014.

“Este estudo demonstra a importância de tecnologias de diagnóstico sensíveis que podem diferenciar entre essas doenças infecciosas e fornecer insights sobre as origens do surto de chikungunya no Brasil “, diz Thiago Moreno L. Souza, autor do estudo e professor de bioquímica da Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro.

 

 

Fonte: G1 ||

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