O ex-vereador de Belo Horizonte Ronaldo Batista e mais quatro pessoas vão a júri popular pela morte do sindicalista e vereador de Funilândia Hamilton Dias de Moura. Hamilton foi assassinado em uma emboscada no dia 23 de julho de 2020, por volta do meio-dia, próximo à estação do metrô Vila Oeste, no bairro de mesmo nome, na região Oeste de Belo Horizonte.

A sentença, do juiz sumariante do I Tribunal do Júri, Marcelo Rodrigues Fioravante, foi publicada nessa quinta-feira (5). O magistrado também determinou que outros quatro envolvidos sejam julgados em relação a crimes conexos.

Dentre os delitos que alguns deles respondem está o de formação de quadrilha, que seria liderada por Ronaldo, além de comunicações falsas de crime, fraudes processuais, adulteração de arma usada para a prática de crime, posse ilegal de arma de fogo e adulteração de sinal identificador de veículo.

Ronaldo está preso desde outubro do ano passado, quando ainda exercia mandato na Câmara Municipal de BH.

Motivação

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), o vereador de BH e a vítima integravam o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte da Região Metropolitana de Belo Horizonte (STTRBH), sendo que, após Ronaldo assumir a presidência da entidade, em 2011, Hamilton foi afastado e constituiu um órgão de classe dissidente, o Sindicato dos Motoristas e Empregados em Empresas de Transporte de Cargas, Logística em Transporte e Diferenciados de Belo Horizonte e Região (Simeclodif).

Consta na denúncia do MP que Hamilton passou a exercer oposição e a cooptar membros de seu antigo sindicato, o que desencadeou a desavença e inconformismo de Ronaldo, por queda de receita proveniente dos afiliados perdidos, além de ações judiciais de associados dissidentes, incentivadas e promovidas pelo novo sindicato e por denúncias de Hamilton ao Ministério público do Trabalho.

Organização criminosa

O inquérito concluiu que Ronaldo teria encabeçado uma organização criminosa envolvida em diversas fraudes e desvios de valores em sindicatos sob a gestão de seu grupo e teria planejado, junto com outros dois acusados, o assassinato de Hamilton.

Os três teriam contratado e instruído um policial militar e um ex-policial penal para executarem o plano, mediante o pagamento de R$ 40 mil. Os dois primeiros contratados teriam passado a monitorar a rotina da vítima, atraindo-a mediante simulação de uma negociação de imóvel e seduzindo-a, usando perfis falsos de uma mulher em rede social, o qual teriam usado para marcar um encontro no local do crime.

Consta na denúncia que, no dia do homicídio, o ex-policial penal, que seria o autor dos disparos, contou com a ajuda de outra pessoa, que lhe prestou auxílio presencial para assegurar a execução do crime.

Já um sobrinho do ex-policial penal, segundo a acusação, foi contratado para adulterar o cano da arma, afim de assegurar que o objeto não fosse identificado em uma eventual perícia.

Outro acusado foi pronunciado por ter adulterado os vidros do veículo Pálio, que conduziu os executores no dia do crime, também na tentativa de dificultar as investigações.

Dois sobrinhos do ex-policial penal também foram pronunciados por terem feito comunicações falsas de furto por indivíduos em outro veículo usado pelos primeiros contratados, um Audi A3, usado em uma primeira tentativa de emboscada, próximo a Funilândia, ocasião em que a vítima não apareceu.

A namorada do ex-policial penal foi acusada de guardar e transportar a arma usada pelo crime, bem como de integrar a organização criminosa.

Fonte: Itatiaia

COMPATILHAR: