A memória só começa a falhar quando a idade chega, certo? Errado! Alguns anos atrás, esse raciocínio podia até fazer sentido. Hoje, não mais. Esquecimentos pontuais têm virado rotina entre os mais jovens. Até mesmo os adolescentes. Excesso de atividades e de cobranças, sobrecarga de trabalho e estudo, preocupação e ansiedade são fatores que levam a lapsos recorrentes. Manter uma rotina saudável e exercitar a mente todo dia fazem parte da receita para deixar o cérebro tinindo.

O neurologista no Hospital Albert Einstein, Saulo Nader, mais conhecido como Doutor Tontura, tranquiliza quanto às queixas na juventude. “Não é Alzheimer nem demência”, afirma.

Segundo ele, agilidade mental, capacidade de processar informações e de concentrar-se podem ser prejudicadas por fatores emocionais ligados às atribulações do mundo moderno.

“Dormir menos do que o cérebro pede e ficar estressado com frequência, preocupado e ansioso levam à dificuldade para se lembrar de compromissos, fazem com que as pessoas percam objetos pela casa e tenham branco até durante um discurso”, comenta. 

Multitarefa

Especialista na Unimed-BH, a também neurologista Rosamaria Peixoto Guimarães diz que a memória é formada a partir de uma sequência de funções cerebrais. Ela explica que até que uma informação seja de fato armazenada, passa por diferentes etapas, incluindo atenção e concentração, comumente prejudicadas pelo excesso de atividades no dia a dia. 

“É a famosa multitarefa, conversar ao telefone enquanto digita, assistir à TV enquanto usa o celular. O cérebro não faz duas, três coisas ao mesmo tempo como se imagina. O que ele faz é mudar de uma para outra num intervalo curtíssimo de tempo”, detalha a especialista, acrescentando a privação de sono como um agravante do problema. 

“É durante o sono que as informações que recebemos ao longo do dia são sedimentadas. É quando realmente se concretiza a memória de longo prazo”, detalha. 

Estudar é uma das formas de desafiar e proteger o cérebro

Pode até parecer, mas não é força de expressão dizer que o cérebro precisa, assim como os músculos, ser exercitado. E não é nada de outro mundo. Aprender uma atividade por dia seja ela o capítulo de um livro ou o conceito de uma nova palavra é meio caminho andado para aumentar o que os médicos definem como reserva cognitiva. 

“A gente tem, sim, essa interpretação do cérebro como um grande músculo. Pessoas que tiveram mais atividade cognitiva ao longo da vida, que estudaram mais, atuaram em profissões que exigiam mais da capacidade cognitiva, que leram e fizeram cursos estão mais protegidas contra o Alzheimer no futuro”, afirma o neurologista Saulo Nader, de São Paulo. 

Segundo ele, atividades simples, executadas no dia a dia, são suficientes para desafiar o cérebro, forçando-o a reinventar-se e recalibrar as vias neurológicas, fortalecendo e protegendo a memória. 

É exatamente essa a premissa da Supera, primeira empresa brasileira dedicada exclusivamente ao desenvolvimento das capacidades cerebrais. Em sala de aula, alunos de diferentes idades e com diferentes demandas são levados a treinar concentração, atenção e raciocínio – bases para uma boa memória. 

“Recomendamos um mínimo de 18 meses de atividades em sala de aula. Como dispomos de ferramentas on-line, conseguimos medir o grau de evolução do aluno. Outro dia, recebemos uma adolescente de 14 anos. O pai contou que ela ficava nervosa e não ia bem nas provas. Em três meses, passou a tirar só notão”, conta a diretora da unidade Supera BH – Coração Eucarístico, Juliana Antunes Almeida.

Além disso: 

Confira dicas práticas dos neurologistas Rosamaria Peixoto Guimarães, da Unimed-BH, e Saulo Nader, do Hospital Albert Einstein, para fortalecer a memória:
– Baseie sua alimentação na dieta do mediterrâneo, composta basicamente por alimentos frescos, peixes, azeite, frutas, legumes e castanhas
– Pratique atividade física. Exercícios ajudam a oxigenar o cérebro, produzindo substâncias que aumentam a sensação de bem-estar e de prazer, diminuindo a tensão e a ansiedade
– Sinta-se descansado ao acordar pela manhã. Noites agitadas, com despertadores constantes, não são suficientes para concretizar a memória de longo prazo
– Não use remédio para dormir. Pesquisas indicam que algumas classes de ansiolíticos, a médio e longo prazo, provocam efeito contrário e problemas de memorização 

 

 

Fonte: Hoje em Dia ||
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