Não chego a dizer, como muitos fazem, “É Moro na terra e Deus no céu”, por acreditar que os juízes devem ser mais anônimos, devem se pronunciar somente nos autos dos processos e não podem ter caráter midiático, mas reconheço que o Brasil mudou, deixou de ser o país da impunidade de atos de corrupção. A operação Lava-Jato escancarou esquemas históricos de corrupção e, com isto, envolveu democraticamente políticos de quase todos os partidos e muitos empresários.

Hoje, felizmente, são raras as anulações de operações da Polícia Federal, como ocorrida com a operação “Castelo de Areia”, em 2010, pelo STJ. Nesta operação foi constatado que diretores da Camargo Corrêa usavam doleiros para enviar dinheiro para o exterior para pagar caixa dois a políticos.

A operação Lava-Jato é tão marcante no momento atual do Brasil que transformou personagens anônimos em celebridades e o mercado editorial de livros lançará, em breve, diversos livros para narrar as suas histórias.

Dia 31 de agosto completou um ano do Governo Temer, com poucas comemorações, como o controle da inflação e a consequente queda da taxa de juros, com recuperação lenta e demorada da economia, e batendo recordes de rombos no orçamento. Por outro lado, o Governo anuncia, de forma otimista, diversos projetos no ramo de construção civil, como parcerias de investimento, créditos para projetos de infraestrutura e a regulamentação da Letra Imobiliária Garantida (LIG), a qual promete ser uma nova forma de financiamento do setor.

O impeachment foi um teste às instituições democráticas do país e o Brasil sobreviveu, mesmo com membros do alto escalão do atual Poder Executivo estarem sendo acusados de desvios de conduta.

Apesar de termos a impressão de estar em marcha um processo para o fim da impunidade, com políticos presos e condenados, ainda vivemos momentos de assombro com a revelação de novos casos de corrupção. Este mês de setembro tem sido marcado, diariamente, por nova fase de escândalos.

No dia 1º de setembro de 2017, o Palácio do Planalto divulgou nota, de forma planfetária, com ataques aos delatores Lúcio Funaro e Joesley Batista, para se antecipar à próxima denúncia a ser apresentada pela Procuradoria Geral da República contra o presidente.

A seguir, o dono da JBS, Joesley Batista, retrucou e chamou Michel Temer de “ladrão geral da República” e disse que o presidente não consegue se defender dos crimes que comete.

Acontece, que em março de 2017, o advogado José Yunes, amigo do presidente, contou ter recebido pacote das mãos do doleiro, Lúcio Funaro, a pedido do ministro Eliseu Padilha. Cláudio Melo Filho, em depoimento, informou que o pacote continha R$1 milhão e fazia parte de um acerto da Odebrecht.

No dia 4 de setembro, para alívio de Temer, o Procurador Geral da República, afirmou haver indícios que um ex-procurador trabalhou para a JBS e, assim, agora foi colocada em dúvida a delação, sendo até possível termos anulada a delação premiada de Joesley Batista, com a preservação das provas entregues. A seguir, o Procurador-Geral da República informou não estar comprometida a hipótese da apresentação de novas denúncias, inclusive contra Temer, antes de deixar o cargo.

Indiferente disto, caso haja uma nova denúncia, veremos o reinício da rodada de negociações com os parlamentares para salvar o presidente de nova acusação, com a cobrança de vantagens para votar, sem a preocupação com a apuração do ocorrido.

Todos estes fatos demonstram que o ambiente político está contaminado por desvios de conduta, com o aparecimento de novidades diárias.

A limpeza dos atos de corrupção é demorada, mas está em curso, de forma a nos assustar e destrói nomes famosos corrompidos por esquemas de corrupção e de manutenção de grupos de políticos no poder, destruindo a honra e a credibilidade de políticos definidores dos nortes de milhões de pessoas.

Precisamos de novos nomes de políticos, não os filhos de um ex-político ou político, mas pessoas completamente não participantes dos atuais esquemas de perpetuação no poder, com mãos limpas e sem origem financiada por grupos interessados em se apoderar do poder para tirarem vantagem. Pessoas com a calma, a isenção e sem a intenção de atender a nenhum interesse alheio ao público, com visão de futuro para um país melhor, para atender a um povo que merece ser mais feliz.

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