A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (18) a Operação Compliance Zero, que investiga uma fraude bilionária atribuída ao grupo do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. A ação resultou no bloqueio de R$ 12,2 bilhões em contas bancárias vinculadas aos investigados e na apreensão de valores, bens de luxo e documentos em cinco estados.
De acordo com a PF, o montante bloqueado corresponde ao valor estimado da fraude. Durante depoimento na CPI do Crime Organizado, no Senado, o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, afirmou que a investigação calcula prejuízo de cerca de R$ 12 bilhões. “Sobre a operação de hoje: a fraude é de R$ 12 bilhões. Eu não sei o quanto vamos conseguir bloquear… Eu sei que, em dinheiro, apreendemos na residência de um investigado R$ 1,6 milhão”, disse.
As equipes apreenderam aproximadamente R$ 1,6 milhão em espécie, incluindo valores encontrados na casa de Augusto Lima, ex-sócio de Vorcaro, em São Paulo. Também foram confiscados carros de luxo, relógios e obras de arte, bens classificados pela PF como incompatíveis com a renda declarada dos envolvidos. Ao todo, seis pessoas foram presas — quatro preventivamente e duas temporariamente.
Entre os detidos, estão figuras centrais da gestão do Banco Master:
• Daniel Bueno Vorcaro – presidente do Banco Master
• Luiz Antônio Bull – diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia
• Alberto Felix de Oliveira Neto – superintendente executivo de Tesouraria
• Ângelo Antônio Ribeiro da Silva – sócio do banco
• Augusto Ferreira Lima – ex-CEO
A prisão de Vorcaro ocorreu na noite anterior, quando ele foi detido ao tentar embarcar em um jatinho no Aeroporto de Guarulhos. A Polícia Federal apura se havia intenção de fuga. O presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, também foi afastado no contexto das investigações.
Segundo a PF, o esquema envolvia a criação de títulos de crédito falsos que inflavam artificialmente o patrimônio de instituições financeiras. Após inconsistências serem identificadas pelo Banco Central, os títulos teriam sido substituídos por outros ativos sem avaliação técnica, numa tentativa de mascarar o rombo contábil. A gravidade do caso levou o Banco Central a decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master, retirando-o do sistema financeiro e nomeando um interventor para substituir a diretoria. O conglomerado administrava mais de R$ 86 bilhões em ativos.
A operação também afetou negociações empresariais em curso. Na segunda-feira, a Fictor Holding Financeira havia anunciado intenção de adquirir o Banco Master, ao lado de investidores dos Emirados Árabes Unidos, com promessa de aporte inicial de R$ 3 bilhões — tratativa que ficou inviabilizada. O banco já havia sido alvo de outra investigação quando o BRB tentou comprá-lo, transação rejeitada pelo Banco Central por falta de garantias financeiras.
A Justiça Federal autorizou o acesso a celulares, computadores e documentos apreendidos, e a PF não descarta novas prisões e bloqueios. Os investigados podem responder por gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A Operação Compliance Zero marca um desdobramento significativo no combate a crimes financeiros de grande escala e indica que as apurações devem avançar nos próximos dias.
Com informações do Metrópoles










