As biólogas Lílian dos Reis (funcionária da Secretaria de Gestão Ambiental) e Nágela Alexandre Zuchi [especialista na área de ictiologia (peixes de água doce)] iniciaram, na terça-feira (22), o levantamento necessário para determinar o possível prejuízo ambiental havido em função da baixa repentina do nível das águas no reservatório do Lago de Furnas no segundo semestre do ano de 2012.
O impacto, ao que parece, foi significativo se considerar o grande número de indivíduos bivalves (mexilhões) mortos e encontrados no leito da represa. Cerca de mais de cem indivíduos por metro quadrado, foi o que se apurou na região visitada.
Nágela, atualmente, desenvolve projetos de resgate da fauna no estado do Maranhão, a serviço da Amplo Engenharia Ambiental, contratada pela Vale do Rio Doce, que desenvolve projetos de preservação nesta área.
Lílian e Nágela, em Formiga, estão a serviço da Arpa II, levantando dados e colhendo subsídios para o embasamento de provável ação do Ministério Público de Minas Gerais, a cargo da Coordenadoria Estadual de Defesa Animal, atendendo à solicitação da promotora do Meio Ambiente, Luciana Imaculada de Paula.
De acordo com as biólogas, a conclusão do laudo está prevista para ocorrer em 30 dias.
Elas estiveram na redação do jornal Nova Imprensa na quarta-feira (23), em visita de cortesia ao jornalista e ambientalista, Paulo Coelho, onde obtiveram algumas informações relativas ao assunto em questão, inclusive com acesso ao acervo do jornal que é velho defensor de causas ambientais. Elas tomaram conhecimento, inclusive, do relatório elaborado pelo eminente professor Manoel Pereira de Godoi, reconhecido (*) ictiologista da Universidade de Pirassununga, em 2.000, a pedido do então presidente do Codema. Esse relatório se vê que antes mesmo da inauguração de Furnas, ele já se preocupava com as espécies que existiam em abundância nos rios e que desapareceram com a formação do grande Lago de Furnas, já que os rios Sapucaí e outros, inclusive o Grande, perderam suas características indispensáveis e necessárias para a sobrevivência e perpetuação de inúmeras espécies de peixes. Não há mais piracema em lago!
Este trabalho, também, embasou a documentação que o jornalista, em 2001, apresentou no encerramento da Comissão Mundial de Barragens, (USP- São Paulo), denunciando o descaso de Furnas para com a natureza e exigindo que se fixasse uma cota mínima como limite de baixa do nível do lago, capaz de viabilizar o uso múltiplo das águas, (exploração turística, irrigação, navegação lacustre, etc), e que evitasse que danos maiores às espécies vivas pudesse ocorrer, como agora se viu.
A tese, então levantada pelo jornalista, mereceu o apoio de vários participantes do encontro e contou com a ajuda do professor Luiz Pinguelli Rosa, um de seus mais ardentes defensores.

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