Uma nova polêmica ronda a região do Lago de Furnas, desta vez envolvendo a instalação de mais linhas de transmissão de energia por parte da Furnas Centrais Elétricas. O projeto para a implantação das torres foi levado para apreciação no Conselho de Política Ambiental (Copam), no dia 19 de fevereiro. Entretanto, um dos conselheiros pediu vistas e prepara um relatório para impedir esse investimento, devido aos impactos previstos.
Segundo o conselheiro Dirceu de Oliveira Costa, os representantes dos circuitos turísticos Nascentes das Gerais e Grutas e Mar de Minas o procuraram para questionar a instalação das torres de transmissão. O assunto chegou a ser discutido durante uma audiência pública no ano passado. ?Diante da insatisfação dos membros dos circuitos eu pedi vistas ao projeto, dando a oportunidade do setor se manifestar?, justifica Dirceu.
O problema, segundo ele, é que alguns dos conselheiros não agradaram do pedido de vistas e resolveram fazer uma votação o que, de acordo com Dirceu, contraria o estatuo do Conselho, o qual estabelece que cada membro é soberano nas suas decisões, que independem de discussão e votação.
Essa medida teria gerado um certo constrangimento, porque a votação ficou empatada e o presidente da reunião teve que dar o voto de minerva. Entretanto, o voto dele não pode ser validado, caso contrário, não teria legitimidade. Então, o pedido de vistas foi concedido.
Dirceu Costa ressalta que fez algumas reuniões com prefeitos e lideranças da região para discutir o assunto. Agora, com o projeto em mãos, ele prepara um relatório que deve ficar pronto na próxima segunda-feira, dia 9, o qual será entregue na Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram). ?A briga não é minha, é dos circuitos. Eu sou apenas um instrumento?, esclareceu o conselheiro.
Divergências
Dirceu Costa garante que o pedido de vistas foi levado para votação, inclusive com contagem de votos, mas o assessor do secretário adjunto do Copam, Roberto Barbosa, que é o responsável por presidir as reuniões da Supram Alto São Francisco, disse que o pedido foi apenas levado à discussão por parte dos conselheiros, gerando divergências entre as informações.
Roberto Barbosa concordou que o conselheiro é soberano em suas decisões e enfatizou que Dirceu Costa merece todo o respeito e é bastante atuante no Copam. O assessor explica que a licença prévia já havia sido concedida para a Furnas Centrais Elétricas e que o projeto era para a licença de instalação. Segundo ele, o relatório feito por Dirceu será levado para discussão na próxima reunião do Conselho, marcada para o dia 19 de março, em Itaúna. No entanto, Roberto deixou claro que o parecer técnico-jurídico do Copam é favorável ao projeto, mas pode ser que Dirceu comprove algum equívoco.
O impacto
Segundo o presidente do circuito Turístico Nascentes das Gerais, Luiz Carlos de Pádua, as torres de transmissão que seriam implantadas pela Furnas Centrais Elétricas passariam por uma área que não tem nenhum impacto ambiental e seriam instaladas justamente nos principais pontos turísticos da região do Lago de Furnas. ?O turismo em si ficará prejudicado. As torres são enormes e ainda demandaria o uso de várias máquinas que deixariam impactos negativos. Além de prejudicar a parte ambiental, tem a parte visual e pode prejudicar embarcações de grande porte, além de acabar com a paisagem e nosso ganha pão?, salienta Luiz.
O presidente do circuito ressalta ainda que a região toda será impactada se o projeto for aprovado e, por isso, quer mobilizar a sociedade do Lago de Furnas. ?A alternativa que hoje insistem vai trazer prejuízo para toda a região. A perda e desvalorização serão enormes, acabando com os pontos turísticos. Depois de danificado, não tem como reconstituir. Temos que dar o grito para que busquem outras alternativas?, reivindica.
Luiz Carlos disse que o assunto foi discutido durante o 9º Encontro das Associações de Circuitos Turísticos de Minas Gerais (ver matéria à pag.10). A secretária de Estado de Turismo, Érica Drumond, enfatizou que o governo estadual vai estruturar a região do Lago de Furnas, mas, se tiver perdas com o turismo, não justifica o investimento por parte do Estado.
A briga dos circuitos e do conselheiro do Copam não diz respeito ao empreendimento em si, mas está relacionada com os locais em que as torres de transmissão seriam instaladas, uma vez que prejudicariam o turismo e, consequentemente, acarretariam em perdas para investidores do setor.
A redação do Nova Imprensa entrou em contato com a assessoria de imprensa da Furnas Centrais Elétricas S.A e a informação obtida foi que ?no momento, não há uma decisão final do Copam sobre o projeto. Furnas aguarda esta decisão do Conselho para fazer qualquer avaliação?.
Furnas quer instalar torres de transmissão, mas conselheiro do Copam pede vistas ao projeto
Uma nova polêmica ronda a região do Lago de Furnas, desta vez envolvendo a instalação de mais linhas de transmissão de energia por parte da Furnas Centrais Elétricas.