O gari Márcio Henrique Lopes Pena, de 39 anos, saiu de casa na quarta-feira (3) para mais um dia normal como faz, de segunda a sábado, há 12 anos: recolher o lixo da cidade de Papagaios, na região Central do Estado. 

Sua rota incluía passar pela zona rural do município. Ao chegar lá, foi surpreendido pela aflição de uma mulher. “Ela me falou que não tinha certeza, mas achava que tinha jogado no lixo o dinheiro e o boleto para pagar a prestação de um carro”, relembra.

Mesmo diante da dúvida da mulher, Márcio encarou aquilo como uma missão: iria procurar pelos objetos custe o que custar. Ao chegar no aterro do município, ele teve de virar sacos e sacos de lixo. “Precisei tomar muito cuidado, porque não pode mexer no lixo de qualquer jeito”, conta.

Depois de muito procurar, ele finalmente achou um papel que poderia ser o que procurava. “Quando o vi, pensei: quem sabe não é ele?.” Ao conferir, ele foi tomado pela euforia. Além do boleto, estava o dinheiro para pagá-lo. “O dinheiro estava contadinho, eram R$ 440”, fala.

Depois disso, ele foi até a loteria no centro da cidade e pagou o boleto. Agora, só falta levar o recibo até a mulher, o que deve ocorrer na rota de quarta-feira que vem. “A nora dela entrou em contato comigo pelo Facebook, e eu avisei que tinha pagado. Ela ficou muito feliz e pediu pra avisar que a sogra dela me convidou para tomar um café lá”, diz.

O gari conta que a sensação que fica é de felicidade. “É uma alegria muito grande, um legado que vou deixar para o meu filho de 11 anos. Muitas pessoas chegaram até mim e me agradeceram”, afirma. 

Além disso, Márcio conta que ficou feliz com o reconhecimento pelo seu trabalho. “Nós ouvimos muita reclamação no dia a dia, de gente dizendo que esquecemos o lixo. Desta vez, é diferente”, pontua.

Sonho de conhecer a Cidade do Galo

Márcio aproveitou para dizer que tem o sonho de conhecer a Cidade do Galo. “Desde a infância, eu sou ‘agarrado’ no Atlético, acompanho todos os jogos. É meu sonho conhecer a Cidade do Galo”, indica.

Ele conta que foi a Belo Horizonte uma única vez para acompanhar um jogo do time do coração. “A gente que mora no interior é muito humilde. É difícil sobrar um dinheiro para poder acompanhar mais de perto”, revela.

Fonte: O Tempo

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