Demonstrando muito nervosismo e com a voz trêmula, o analista tributário da Receita Federal em Formiga, Gilberto Souza Amarante, começou a entrevista coletiva dizendo que é servidor de carreira do Estado e que a função dele é acessar dados, há 17 anos ele faz isso, várias vezes por dia. ?Nesse episódio, nesse caso, os levantamentos que eu fiz, que nós fizemos, o acesso foi feito durante o horário de expediente, do atendimento, há vários casos de homônimos, com esse nome, Eduardo Jorge, a nossa base é nacional, então o que é factível é que houve o homônimo e esse acesso durou apenas 41 segundos, conforme relatório? , declarou.
Ele nega que foram feitos 10 acessos aos dados do vice-presidente do PSDB, como divulgado na imprensa. ?Foi apenas um acesso, mas o sistema, quando é feita a pesquisa por nome, por motivo qualquer, por razões as mais variadas, o sistema registra cada mudança de página como um acesso? . Ele alega que foi acessada uma base cadastral, não foi acessado nenhum tipo de dado fiscal, apenas informações como nome, telefone de Eduardo Jorge.
?Muitas vezes para se perceber que a pessoa que está ali perante a gente é aquela pessoa é necessário você navegar no sistema. Então, é bom que deixe isso bem claro, que o acesso foi uma base de cadastro e de apena 41 segundos de acesso, há 17 anos que eu faço esse tipo de cadastro várias vezes por dia? , afirmou Gilberto Amarante.
Quanto à filiação partidária, ele disse que era necessário se desfazer outro equívoco, que, segundo o analista da Receita, estava fazendo o caso ganhar uma proporção que ele definitivamente não tem. ?É bom frisar que filiação partidária não se confunde com militância partidária. Não tive, nunca tive nenhum tipo de militância partidária?.
Gilberto Amarante disse que se filiou ao PT em Arcos porque foi convidado assim que chegou à cidade, onde é professor universitário da PUC Minas Arcos e que participou de uma reunião e nela foi convidado a se filiar. ?Fui em uma reunião, talvez em outra, nesses nove anos, está assim resumida a minha filiação ao PT? , alegou. Ele disse que não se lembra quem abonou a ficha de filiação ao partido.
O analista da Receita disse que tomou conhecimento dos fatos neste fim de semana, por meio da imprensa. Questionado se em Formiga tem algum Eduardo Jorge, ele disse que não. ?Nós não temos, mas na nossa base, na nossa jurisdição, nós temos pessoas com esse nome. O sistema não pesquisa por cidade, o sistema é nacional? , justificou.
Questionado sobre as motivações, o analista tributário disse não se lembrar qual a intenção da pesquisa e garantiu que não tem relacionamento com pessoas do PT estadual e nem nacional e que não tem influência nenhuma no partido. Gilberto Amarante se disse constrangido com o fato, que tomou repercussão nacional. ?O fato por si só já é altamente constrangedor. Pra mim e pra minha família tem sido muito difícil lidar com isso. Eu não quero fazer ilações agora, não é hora. O que cabe a mim é falar do meu acesso e de mostrar minha dignidade profissional. Eu não vou fazer ilações do por que estão fazendo isso, do por que estão lidando dessa forma. Não cabe a mim e não é o momento? , disse com a voz ainda mais trêmula.
Gilberto Amarante contou que foi convidado a se filiar ao PT em Arcos por Dorinho, que era presidente do partido na época e foi até mesmo por uma questão de educação.
Ainda quando a imprensa fazia perguntas, Gilberto Amarante cortou o assunto e declarou ?nós não temos mais informações além disso? , assim, saiu em meio aos jornalistas, demonstrando ainda mais nervosismo, se dirigiu ao carro e saiu à pressas.

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