No dia 29.03, foi anunciado que Ernesto Araújo havia pedido demissão do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

O ministro, desde a sua posse no cargo, se mostrou anti-diplomático na condução de assuntos do país, sobrepujando o trabalho do corpo diplomático do MRE, com política conservadora, pauta antiglobalista e anticomunista, influenciada pelas ideias de Olavo de Carvalho, do deputado federal, Eduardo Bolsonaro, e de Filipe Martins, assessor do presidente.

No dia 28.10.2018, o candidato eleito para presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou: “Libertaremos o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico a que foram submetidos nos últimos anos“.  O futuro real, mostrou um MRE tomado por uma ideologia negacionista, desapegada dos interesses do povo brasileiro, subjugada aos interesses americanos e sem pedir reciprocidade, inflamada contra a China.

O ministro, no discurso de posse, não apresentou diretrizes de trabalho, citou ser sua administração voltada para o Brasil e menos para a ordem global. Causou espanto ter recitado Ave Maria em tupi, fazer citações em grego e latim ou quando garantiu ser o problema do mundo a teofobia, ódio a Deus.

Ele administrou a política externa de modo vacilante. Defendeu o antiglobalismo, mas o país real está aberto a investidores. O país polemizou com países europeus, mas animou-se com a perspectiva do acordo do Mercosul com a União Europeia.

O ex-ministro do MRE, Celso Amorim, em artigo intitulado “Brasil perdeu credibilidade no exterior, diz Amorim”, publicado dia 02.01.2020, no Jornal Valor Econômico, condenou a política externa brasileira, por minar a imagem do Brasil, e, ao final, citou atitudes como o insulto à mulher do presidente da França, a intenção declarada de mudar a embaixada de Israel para Jerusalém, polêmicas em torno da Amazônia e obstrução às negociações climáticas.

O ministro, no dia 24.03, participou de sessão do Senado, onde foi criticado e foi pedida a sua renúncia para o país passar a ter melhor diálogo com outras nações para o combate à pandemia.

No dia 28.03, Ernesto Araújo fez postagem em seu Twitter, sobre conversa com a Senadora Kátia Abreu, ocorrida no dia 04.03, quando falaram pouco sobre vacinas e houve pedido dela para o ministro fazer um gesto em relação ao 5 G.

Os senadores entenderam ser a postagem uma insinuação de o Senado estar no bolso dos chineses na questão do 5 G. A partir disso, um grupo de senadores cobrou a demissão do ministro. Kátia Abreu divulgou nota acusando o ministro de ter mentido e de ter postura marginal.

A saída do Ministro abre a possibilidade de o novo chanceler reatar laços diplomáticos com as duas maiores potências mundiais, tendo uma pauta mais próxima dos anseios do novo presidente americano, Joe Biden, e de outro lado, ter diálogo com o nosso maior parceiro comercial, a China.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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