Minas Gerais é o segundo maior produtor de feijão do Brasil, mas está prestes a comprar cada vez mais da China. Com a quebra de safra, provocada por fatores climáticos e invasão da mosca branca, o governo mineiro estuda implantar um vazio sanitário. A medida consiste em suspender o plantio durante determinado período, para evitar a propagação da praga.
Se isso acontecer, a oferta em Minas vai cair inevitavelmente, o preço sofrerá influências de alta e será aberta uma lacuna para aumentar a importação de feijão da China, o que já vem acontecendo nos últimos quatro ou cinco anos, explica o coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), nos últimos dois anos a importação do feijão chinês pelo Brasil já cresceu 16%. No primeiro trimestre de 2011, o país importou 17,88 mil toneladas do feijão chinês. De janeiro a março deste ano, o volume subiu para 20,75 mil toneladas.
A primeira reunião para discutir a implantação do vazio sanitário está marcada para o dia 23 de abril, com participação da Câmara de Defesa Agropecuária e da Câmara de Grãos, além do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e produtores de feijão. É o começo das discussões. Já existe esse vazio sanitário para a soja. A medida é a alternativa quando os agrotóxicos são ineficazes no combate à praga, explica Vilela. Segundo ele, os impactos virão a longo prazo, uma vez que a medida, caso seja aprovada, deva entrar em vigor a partir do ano que vem.
O diretor-sócio da consultoria MB Agro, José Carlos Hausknecht, lembra que, com a atual quebra da safra, o feijão deverá pesar mais na inflação, principalmente se houver necessidade de se importar mais.
Com queda na oferta, é provável que o Brasil importe mais da China e da Argentina. E o produto ficará mais caro, destaca o consultor.

COMPATILHAR: