Os medicamentos prescritos por um médico para descongestionar as vias respiratórias não surtiam efeito no aposentado José Maurício de Aguiar, 67. Os sintomas clássicos de sinusite, tratados com antialérgicos, continuaram a se manifestar, até que um especialista constatou a real enfermidade do paciente: hipertensão pulmonar.
A doença, considerada rara, se manifesta com sinais parecidos com os de outras enfermidades e, por isso, é de difícil diagnóstico. Especialistas alertam a população e a própria comunidade médica sobre o problema – se não tratada adequadamente, a hipertensão pulmonar pode levar à morte.
O aposentado José Maurício só descobriu que tinha a doença após passar por vários médicos. Ele conta que se sentiu mal há dois anos, após fazer uma caminhada em Pedro Leopoldo, onde mora. Cheguei em casa cansado e tossindo muito, mas os médicos só descobriram o que eu tinha depois de vários exames e um cateterismo, disse.
Hoje, o aposentado faz uso de um medicamento de uso contínuo e diz levar uma vida normal. De acordo com o pneumologista Frederico Thadeu Assis Figueiredo Campos, coordenador do grupo de hipertensão pulmonar do hospital Júlia Kubitschek — referência em doenças respiratórias no Estado -, casos como o do aposentado acontecem com muita frequência. O médico explica que, por a doença ter como principal sintoma a falta de ar, o diagnóstico acaba sendo confundido com outros problemas de saúde.
Segundo Campos, a doença pode estar associada a problemas no coração, doenças reumatológicas ou autoimunes, aids, hepatites, esquistossomose, anemia falciforme e embolia pulmonar crônica.Por ter um sintoma característico a muitas doenças, a hipertensão pulmonar pode confundir o médico na hora do diagnóstico, ressalta.
Mesmo não tendo cura, o tratamento contínuo, iniciado logo após o diagnóstico, permite ao paciente uma qualidade de vida praticamente normal. Caso contrário, a doença tem uma mortalidade alta, com uma sobrevida média de três anos.
De acordo com Frederico Campos, na hipertensão pulmonar, o sangue não consegue fluir bem pelos pulmões e se acumula, sobrecarregando o lado direito do coração, que tem de fazer cada vez mais força para impulsioná-lo.
O médico esclarece que ao contrário do que se pensa, nos pulmões não existe apenas ar – metade do sangue do organismo está no órgão. Por isso, os sintomas geralmente são cansaço constante e crescente, falta de ar e desmaios, diz Campos.
Segundo a pneumologista Virgínia Pacheco Guimarães, o doente se cansa mais facilmente em atividades rotineiras, como subir escadas. O diagnóstico muitas vezes acontece quando o médico investiga a causa desse cansaço com exames como ecocardiograma. A confirmação é feita por meio de cateterismo.
Recentemente, o Sistema Único de Saúde (SUS) estabeleceu um protocolo para garantir o acesso gratuito dos medicamentos aos portadores da doença. Em casos extremos, é recomendado o transplante de pulmão, às vezes, associado ao de coração.
Portadores de hipertensão pulmonar devem procurar atendimento no Hospital Júlia Kubitschek, Hospital das Clínicas ou Santa Casa, em Belo Horizonte.

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