A Polícia Civil do Rio Grande do Sul identificou que um homem, de 36 anos, preso preventivamente em janeiro deste ano por suspeita de cometer crimes sexuais contra menores, deixou, ao menos, 127 vítimas, entre crianças e adolescentes. O número de casos pode ser ainda maior, ultrapassando 700 vítimas, após todas as provas coletadas contra ele serem analisadas.
O delegado Valeriano Garcia Neto, titular da Delegacia de Polícia de Taquara, afirmou ao Estadão que o homem é suspeito de estuprar adolescentes, coletar e armazenar arquivos de pornografia infantil e cometer ameaças contra vítimas entre nove e 13 anos. As vítimas estariam espalhadas por, ao menos, cinco estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre e Mato Grosso.
O homem havia sido preso em flagrante em janeiro deste ano em Taquara, cidade há cerca de 80 quilômetros e Porto Alegre, por armazenar mais de 750 pastas de material de pornografia infantil em seu computador. Ainda foram coletadas provas de que ele conseguia as imagens ameaçando e persuadindo as vítimas.
“Recentemente, com o retorno do laudo, foram identificadas 127 vítimas com provas materiais”, relatou o delegado ao jornal.
No início do mês passado, um outro mandado de prisão preventiva por estupro de vulnerável foi cumprido contra o homem e, na última terça-feira (29), um terceiro pedido foi emitido e cumprido após uma condenação na 1ª Vara de Garantias de Porto Alegre por estupro de vulnerável.
A vítima era uma adolescente de 13 anos, que era colega do homem em aulas de Muay Thai em Taquara. A menina afirmou às autoridades que, durante anos, o abusador exigia conteúdo pornográfico e que ela enviava o material sob ameaça.
“É um caso nunca visto pela polícia e pelos peritos do IGP pela tamanha organização e materialidade de crimes dessa natureza. Na época dos crimes, todas as vítimas eram menores. Ele faz isso há pelo menos 16 anos”, afirma Garcia Neto.
Todas as vítimas identificadas serão chamadas para prestar depoimento, de acordo com a Polícia Civil, visando o andamento dos inquéritos policiais e a devida responsabilização do abusador. A identidade das vítimas será preservada e o processo corre em sigilo.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o criminoso usava perfis falsos nas redes sociais, muitas vezes se passando por meninas, e se aproximava de outras meninas da mesma idade.
“Através de uma engenharia social, o criminoso criava uma amizade digital e induzia as vítimas a enviarem, inicialmente, uma foto nua. Em posse da foto, o homem pedia mais imagens. Caso recebesse negativas, ameaçava as vítimas que acabavam enviando mais material”, diz a Polícia Civil.
Conforme os documentos coletados do suspeito, ele chegava a orientar posições do corpo e da câmera de como as meninas deveriam se fotografar ou se filmar.
Fonte: Lucas Negrisoli-Itatiaia