À meia-noite de domingo (21), os relógios foram adiantados em uma hora. Enquanto essa medida de economia de energia faz algumas pessoas reclamarem de desconfortos no organismo e por terem que acordar no escuro, outras aproveitam o período do horário de verão apostando na segurança, no lazer e na produtividade.
A analista de mídias sociais Kátia Martinho, 30, por exemplo, precisa pegar ônibus depois do trabalho para ir à faculdade. O horário de verão me permite fazer cursos à noite. Fico mais confortável ao sair do trabalho para a faculdade sem o medo da insegurança, diz.
Para chegar à faculdade, ela precisa praticamente atravessar Belo Horizonte e, quando está mais claro, Kátia pode escolher descer em pontos de ônibus menos tumultuados. No horário de verão, posso até parar em um ponto mais tranquilo. Acho que o sol inibe a pessoa (assaltante) de fazer algo, diz, referindo-se à necessidade de optar por lugares mais movimentados quando está escuro.
A cantora e dançarina Elisa Dias, 26, também gosta da medida, pois usa o período para prolongar algo em sua rotina. Geralmente, opto por atividades fora de casa como correr, sair com os amigos ou passear com o cachorro. Gosto de aproveitar o sol, comenta.
Ela afirma que o horário favorece até mesmo o bem-estar do animal de estimação. Não gosto de passear à noite porque não vejo onde ele está pisando, como cacos de vidro e pregos. Atividades físicas também são beneficiadas porque o clima mais ameno e o fato de ainda ser dia me fazem querer cuidar do meu corpo e até comer menos. É mais saudável, completa.
No caso do biólogo Pedro Taucce, 26, o período do horário especial favorece seu trabalho no campo. Estudo anfíbios. Como a maioria desses animais está em atividade no período noturno, os campos são mais agradáveis (nesse período), diz Pedro, explicando que ganha uma hora clara no dia e pode acompanhar melhor os animais que estuda.
Posso chegar mais tarde nos pontos de coleta e isso me deixa menos desgastado, acrescenta.
Desconforto. Alterar o relógio em uma hora pode, de fato, deixar algumas pessoas mais irritadas e até enjoadas. Esses sintomas variam de pessoa para pessoa. Há quem sofre muito, enquanto outras pessoas pouco percebem a diferença, afirma o médico especialista Dirceu Valadares, diretor da Clínica do Sono e presidente da Fundação Nacional do Sono.
A dica para hoje e amanhã, segundo ele, é fazer exercícios físicos o mais cedo possível, pois a prática irá favorecer a chegada do sono à noite. A alimentação também deverá ser mais leve e sem a ingestão de bebidas estimulantes, como café. O ser humano necessita de dois dias para compensar cada hora perdida de fuso horário. Em dois dias, a maior parte das pessoas estará sem queixas, explica.
O horário de verão termina em 17 de fevereiro do ano que vem, uma semana depois do Carnaval.

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