Produtores mineiros estão recebendo a visita de veterinários do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para verificação do uso de produtos proibidos na alimentação de ruminantes. O trabalho é realizado em conjunto com o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e 52 propriedades foram inspecionadas este ano.
As fiscalizações seguem o disposto na Instrução Normativa MAPA nº 41, de 8 de outubro de 2009 e são feitas por um médico veterinário do IMA e outro do MAPA. Após verificar possíveis irregularidades na alimentação dos ruminantes como a presença de subprodutos proibidos que contenham proteína ou gordura de origem animal (cama de frango; farinha de sangue, de carnes e ossos, de resíduos de açougue; dejetos de suínos, sangue e derivados; entre outros), os fiscais coletam amostras do alimento suspeito para análise no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), em Pedro Leopoldo. São coletadas duas amostras, sendo uma para análise da prova e outra para contraprova, caso o proprietário queira realizá-la.
De acordo com a médica veterinária e coordenadora do Programa de Vigilância das Encefalopatias do IMA, Daniela Bernardes, foram encontrados alimentos suspeitos em 14 propriedades, nas quais 1.492 bovinos e 617 ovinos foram interditados. Após a coleta da amostra de alimento, os animais passíveis de terem tido acesso aos subprodutos de origem animal ficam interditados, não podendo sair da propriedade até autorização do Serviço Veterinário Oficial.
A partir do recebimento do resultado oficial, o produtor tem 5 dias úteis para solicitar a contraprova. Após o resultado positivo e conclusivo, são 30 dias para eliminar os animais interditados. Segundo Daniela Bernardes, dos 1.492 bovinos interditados, 70 foram desinterditados mediante resultado negativo e 71 foram abatidos devido ao resultado positivo. A eliminação dos ruminantes interditados devido à possibilidade de acesso ao alimento proibido pode ocorrer de duas formas: abate em estabelecimento devidamente registrado sob inspeção oficial com aproveitamento de carcaça e remoção e destruição de material de risco para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como Doença da Vaca Louca, conforme estabelecido pelo MAPA; ou destruição na propriedade sob acompanhamento da autoridade de defesa sanitária animal, diz Daniela.
Prejuízos
O uso da cama de frango e de outros produtos proibidos na alimentação de ruminantes traz prejuízos ao produtor rural, que pode responder criminalmente por infringir leis federais, além de correr o risco de que seus animais adquiram algumas enfermidades como a Doença da Vaca Louca e o Botulismo.
De acordo com o diretor geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, é importante adotar medidas para evitar danos maiores à sociedade. A bovinocultura brasileira perde muito com o uso desses produtos, mas a principal preocupação do IMA é com a saúde pública, depois com a questão do mercado interno e da exportação da carne?, enfatiza.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) classifica os países em três categorias de risco para a EEB: risco insignificante, controlado e indeterminado. Segundo Daniela, o Brasil é livre da Doença da Vaca Louca, mas mesmo sem ter essa enfermidade, o país foi classificado no status Controlado. ?Essa classificação prejudicou as exportações de produtos de ruminantes, por isso a conscientização do produtor rural em relação à forma de alimentação de seus animais é fundamental.
Animais importados
Uma preocupação do IMA para evitar a Doença da Vaca Louca é o monitoramento de todos os animais importados por produtores mineiros. Para disso, faz-se mensalmente colheita de material encefálico de ruminantes que apresentam sinais nervosos ou aparecem mortos nas propriedades rurais, desde que o proprietário notifique o Serviço Veterinário Oficial.
Todos os bovinos importados de países que já tiveram casos de Doença da Vaca Louca, ao final da vida produtiva, são sacrificados na propriedade rural sob acompanhamento da autoridade de defesa sanitária animal. É retirado o material encefálico desses animais que têm as carcaças incineradas, pois é proibido o abate de animais importados de países que já notificaram casos da doença em frigoríficos.
Daniela explica ainda que caso esses animais morram de forma natural, o fiscal do IMA deve ir até a propriedade e providenciar a retirada do material encefálico para análise laboratorial e acompanhar a incineração das carcaças. Desta forma, saberemos através do resultado laboratorial se esses animais que morreram de forma natural, sacrificados ou devido a alguma enfermidade, tinham ou não alterações compatíveis com a Doença da Vaca Louca, explica a veterinária.

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