A Justiça de Belo Horizonte concedeu tutela de urgência que impede o filho da professora Soraya Tatiana Bonfim França, acusado de assassiná-la, de receber a herança deixada pela mãe. A medida foi solicitada pelo pai da vítima e divulgada nesta quarta-feira (15). A decisão é provisória e faz parte de uma ação de exclusão do herdeiro por indignidade.
O juiz Antônio Leite de Pádua, da 4ª Vara de Sucessões de BH, destacou que, diante dos indícios de feminicídio e do risco de que os bens sejam partilhados ao herdeiro indigno, a concessão da tutela de urgência se faz necessária. O filho do casal ainda não foi citado para apresentar contestação, mas uma carta precatória foi enviada à comarca de Caeté, onde ele está preso preventivamente. Após o prazo para defesa, o processo será encaminhado ao Ministério Público para manifestação.
Caso Soraya Tatiana: o crime e suas consequências
Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, professora de História do Colégio Santa Marcelina, em Belo Horizonte, foi encontrada morta em 20 de julho sob um viaduto em Vespasiano, na Região Metropolitana. Ela estava desaparecida desde o dia 18. O corpo apresentava sinais de violência, e a identificação foi feita pelo próprio filho no Instituto Médico-Legal (IML).
O filho da professora está preso e foi denunciado pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual, podendo receber uma pena superior a 40 anos. Segundo os promotores de Justiça Claudio Barros e Caio Bogus, que assinam a denúncia, o feminicídio ocorreu em contexto de violência doméstica e familiar, caracterizado por um histórico de agressões psicológicas e patrimoniais do acusado contra a mãe.
As investigações indicam que o crime aconteceu no apartamento onde ambos residiam, no bairro Santa Amélia. Conforme a denúncia, o acusado teria estrangulado a mãe com um golpe conhecido como “mata-leão” após ela se recusar a pagar suas dívidas.
Depois do assassinato, o suspeito teria ocultado o corpo em uma área isolada de Vespasiano e, para dificultar as investigações, teria registrado um boletim de ocorrência falso de desaparecimento, além de usar o notebook da vítima para enviar mensagens simulando que ela ainda estava viva.
O caso segue para julgamento pelo Tribunal do Júri. Enquanto isso, o Ministério Público requer a manutenção da prisão preventiva do acusado e a fixação de um valor mínimo de reparação dos danos em favor da família da vítima.
Com informações do Hoje em Dia