O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), fez duras críticas aos moradores da capital mineira pertencentes à classe média alta. Segundo o prefeito, “a estúpida elite brasileira”, da qual ele fazia parte até “ver a pobreza”, acha que nada vai acontecer com ela durante a pandemia de Covid-19.

A resposta foi dada depois que o prefeito foi questionado pelo jornal Estado de Minas sobre a dificuldade de implantação de medidas duras aos cidadãos que, além de produzirem discursos negacionistas, desrespeitam as medidas adotadas pelos prefeitos. 
“Temos um caso no Hospital Madre Tereza de cinco membros da mesma família internados. A classe média e a classe média alta acharam que aquele cartãozinho do plano de saúde era a vacina. E eu avisei, que aquilo não era uma vacina”, afirmou Kalil. “Os primeiros hospitais que entraram em colapso em BH foram os particulares. A estúpida elite brasileira, da qual eu fazia parte até eu ver a pobreza, acha que nada vai acontecer com ela”, pontuou. 

Durante a declaração, Kalil voltou a falar que não tem “medo de buzina”. E afirmou que o  ataque de negacionistas e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é “uma covardia política” e pressão feita por certos políticos.
Kalil participou, nessa terça-feira (20), de um debate virtual com o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), para falar sobre os desafios e aprendizados do lockdown no Brasil. Os dois prefeitos ficaram conhecidos nacionalmente durante a pandemia de Covid-19 por manterem medidas restritivas para conter as infecções do novo coronavírus.

Durante o debate, o prefeito de BH afirmou que ele vai ficar marcado nos livros de história pela condução da capital durante a pandemia. Para o prefeito de BH, “nada troca a história que os livros vão contar”.

“Podem falar o que for. Mas não adianta fazer obra para ganhar eleição. As placas caem, os viadutos mudam de nome, estádios também. A história vai contar quem fez algo pela cidade e nada troca o que os livros vão contar. Carregar caixões nas minhas costas eu não vou. Em BH não morreu uma pessoa por falta de atendimento”, contou o prefeito.
Ao falar sobre o lockdown, o prefeito de BH negou a possibilidade de adotar a medida na capital mineira. “Não poderia fazer um lockdown aqui. Temos dezenas de hospitais, centros de saúde, UPAs, nosso fluxo de transporte público é intenso e não pode parar. Caso isso fosse acontecer, eu ia impedir os profissionais de saúde e os doentes de chegarem nos locais”, explicou.
Kalil também pontuou que os fechamentos da capital mineira foram feitos pela ciência e não por “achismos”.
Segundo o prefeito, todas as decisões tomadas em Belo Horizonte foram feitas em conjunto com o Comitê de Enfrentamento à COVID, que analisa os indicadores na capital mineira e as propostas da sociedade civil. O comitê é formado pelos infectologistas Estevão Urbano, Carlos Starling e Unaí Tupinambás e pelo secretário municipal de Saúde, Jackson Machado.

Entenda

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), participaram, nesta terça-feira (20), de uma palestra organizada pela Impulso, organização sem fins lucrativos focada em criar capacidade analítica em governos, para falar sobre os desafios e aprendizados do lockdown no Brasil.

Kalil vem chamando a atenção dos brasileiros por suas decisões durante a pandemia. O nome do prefeito da capital mineira chegou até mesmo a ser cotado para vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. 
Quem não gostou muito foi o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que já citou o nome de Kalil muitas vezes. O presidente é contra as medidas de restrição. 
Na tarde de segunda-feira (19), Bolsonaro voltou a falar de Kalil. Em declaração na portaria do Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República, Bolsonaro afirmou: “Dizem que não estou preocupado com a vida, que sou genocida. Prefeituras deitaram e rolaram no ano passado com o lockdown. E o povo reelegeu esses caras. Olha BH, reelegeram”, afirmou.
BH teve, desde o início da pandemia, 16 flexibilizações e seis fechamentos. Todas as vezes em que o termômetro do painel da Covid registrou o aumento de infecções e ocupações de leitos, Kalil voltou atrás.
Já Edinho Silva chamou a atenção após o lockdown de Araraquara ter surtido efeito. O confinamento foi de 21 de fevereiro a 2 de março, e houve queda no número de diagnósticos positivos da doença, internações e óbitos.
O número de casos confirmados em 15 dias caiu 66,2%: de 2.361 (de 7 de fevereiro a 21 de fevereiro), para 799 (de 30 de março a 11 de abril). 

No lockdown realizado em Araraquara, estavam autorizadas a funcionar apenas farmácias e unidades de saúde de urgência e emergência. Foi proibida a circulação de veículos e de pessoas na cidade. Era permitido sair de casa apenas para aquisição de medicamentos, obtenção de atendimento ou socorro médico para pessoas ou animais e serviços de urgência ou necessidades inadiáveis.

Fonte: Estado de Minas

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