O economista André Lara Resende criou em 1994 a URV para indexar os preços, substituída pelo Real, alcançando o país êxito no controle da inflação.

Agora, no trabalho “Consenso e Contrassenso: déficit, dívida e previdência” e em artigo “André Lara Resende escreve sobre a crise macroeconômica”, de 8 de março de 2019, publicado no Jornal Valor Econômico, propõe adoção de medidas heterodoxas para solucionar a crise econômica brasileira, as quais devem ser analisadas com carinho e respeito.

Desde 2008 o mundo está em crise. Questiona-se as políticas ortodoxas não explicarem a manutenção de inflação baixa, mesmo com o aumento da base monetária. No caso do Brasil, não explica o fato de não crescermos há mais de três décadas?

O novo paradigma tem 4 pilares. O primeiro é a moeda ser uma unidade de conta, referência contábil de ativos e passivos, sua expansão ou contração é consequência do nível de atividade econômica. O segundo é o governo não ter restrição financeira, não precisar levantar fundos. O terceiro é a constatação do Banco Central fixar a taxa de juros básica, custo da dívida pública. O quarto é que uma taxa de juros da dívida inferior à taxa de crescimento causaria o decréscimo da relação dívida pública/PIB a partir da eliminação do déficit primário, sem aumento da carga tributária, e também poderia melhorar o bem-estar através do endividamento público.

A inflação é questão de expectativas, depende das circunstâncias e, caso o Banco Central tenha credibilidade, as metas são um importante sinalizador. Metas bem ancoradas, expectativas estáveis e a inflação tende a ficar sob controle.

O poder público deve se preocupar com a qualidade de suas despesas e receitas para aumentar a produtividade e a equidade, pois afetam a economia e o bem-estar social.

Desde 1990 a taxa real de juros no Brasil é maior que a taxa de crescimento da economia. Com recessão, hoje temos a taxa real de juros mais do dobro da de crescimento e a relação dívida/PIB tem crescido.

A atual política econômica ortodoxa indica a necessidade de corte gastos, venda estatais, reforma Previdência, aumento impostos, para reverter déficit e estabilizar dívida pública/PIB.

Após o controle inflacionário em 1994, perseguiu-se o equilíbrio financeiro do governo e a carga tributária foi elevada. Resultado, tivemos duas décadas de crescimento desprezível e o colapso das finanças públicas.

Lara faz propostas de reformas para estimular o investimento e a produtividade, como a reforma da Previdência para rever a idade mínima, simplificação e redução do custo para cumprir as obrigações fiscais. Inova ao sugerir ser a taxa básica de juros reduzida para abaixo da taxa nominal de crescimento da renda, acesso do público às reservas remuneradas do Banco Central, criação moeda digital pelo Banco Central, fazer abertura comercial com transição de 5 anos para aumentar a eficiência e produtividade.

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