Tenho procurado ler e ouvir, tanto quanto posso, experiências de combate à corrupção, sobretudo – é claro – o caso italiano Mani Pulite.
E ando desassossegada.
Uma, pela demora do relator no Supremo, ministro Fachin, que anda a uma velocidade de carroça, no turbilhão de acontecimentos da vida atual. Ao que me consta, até hoje Sua Excelência continua lendo e mandando investigar a montanha de processos relacionados ao caso inicial, o dos escândalos na Petrobras. Gente morreu, gente adoeceu, gente continua vivíssima e dando entrevistas a três por dois, enquanto Fachin medita sobre os processos que dependem dele ou de que ele os leve à turma ou ao plenário. Tudo isso contrasta com a rapidez de Joaquim Barbosa ao tempo da Ação 470 e até mesmo do expedito Teori Zavascki, que, num piscar de olhos, levou ao pleno o caso Eduardo Cunha. Agora é um nhe-nhe-nhém que irrita quem quer respirar um pouco, mesmo com o ar irrespirável que paira sobre o Brasil (e o mundo…).
Em segundo lugar, porque repartem-se em mil pedaços os casos a cargo dos procuradores da Lava Jato. Parece que, cansados da figura meio dândi de Dallagnol, grupos outros fazem coletivas e mais coletivas ora sobre um, ora sobre outro fato investigável, envolvendo empreiteiras que teriam tido ramificações na Lava Jato. Há casos complexos demais como os das universidades federais – cada uma delas por uma razão –, a primeira das quais com o trágico desfecho do suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. Depois veio a condução coercitiva na UFMG e agora a operação na UFJF. Recentemente, teve início a investigação sobre coleta de lixo na cidade de São Paulo, o caso do Paulo Preto, envolvendo José Serra, senador por São Paulo, e, ainda relacionado à Odebrecht e à OAS, os supostos desvios milionários do ex-governador da Bahia. Isso sem contar a operação Acrônimo aqui, em Minas, a Zelotes envolvendo fraudes fiscais junto ao Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Ufa!!! – será que me esqueci de alguma delas?
Ah, e ainda vem agora o caso Delfim Netto, que o MPF terá de provar ter sido agente público ao tempo de Lula e Dilma…
Posso eventualmente estar cometendo um tremendo erro, mas sempre me acostumei a pensar que problemas devam ser resolvidos um a um. Como numa guerra: se você abre frentes diversas, acaba encurralado, como ocorreu com Hitler com a frente leste-oeste ao mesmo tempo.
Parece-me que tudo está virando uma barafunda, a confundir tudo e todos e num ano de eleições gerais. Somando-se a isso o intrincado panorama do processo penal brasileiro, com seus inúmeros recursos, suas idas e vindas, posso agora afirmar com certeza: por enquanto, só estão ganhando os advogados de renome, aqueles que são lembrados porque possuem as duas qualidades imprescindíveis num defensor: conhecem um a um os magistrados das Cortes superiores e têm capacidade especializada excepcional. Para esses, não fossem também cidadãos deste país infeliz, estariam gozando momentos insuperáveis.
Espero que tenham também consciência cívica!

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