Cerca de 110 mil alunos da rede pública estadual de Manaus (AM) retornam às aulas presenciais nesta segunda-feira (10). A volta acontece cinco meses após a suspensão das atividades por conta da pandemia do novo coronavírus, e um mês após o retorno das escolas particulares.

Nesse primeiro momento voltam às escolas alunos do Ensino Médio e da modalidade de Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Estudantes do Ensino Fundamental (anos iniciais e finais) devem voltar às escolas em 24 de agosto. As escolas públicas municipais de Manaus seguem sendo as únicas que ainda não retornaram. No interior do estado do Amazonas, as aulas seguem pela televisão e sem previsão para o retorno presencial.

“O Amazonas é o primeiro estado a retomar as atividades presenciais”, disse Luís Fabian Barbosa, titular da Secretaria de Educação e Desporto (Seduc).
A volta ocorre cerca de quatro meses após a capital sofrer, em abril, com colapsos no sistema de saúde e no sistema funerário por conta da pandemia, que já infectou mais de 106 mil pessoas em todo o estado e matou mais de 2 mil amazonenses.

Desde junho, o estado tem apresentado queda nos números da Covid-19 e flexibilizando a quarentena, com reabertura do comércio e espaços de lazer. As escolas fazem parte do quarto ciclo de reabertura estabelecido pelo governo do estado.

De acordo com a Seduc, a volta às salas de aula será de maneira gradativa e híbrida e com apenas com 50% da capacidade. Os estudantes serão divididos em grupos e só comparecerão às aulas em dois dias da semana. Nos outros, seguirão acompanhando, de casa, as teleaulas.

Ao G1, Barbosa afirmou que o retorno foi pensado com cuidado e que as escolas seguirão um rigoroso protocolo.

“O protocolo [que será seguido] é igual ao da rede privada. Adquirimos um milhão de máscaras, instalamos tapetes sanitizantes [nas portas das escolas], pias. Tem sabonete líquido, papel e álcool em gel suficientes para os próximos seis meses. Colocamos dispensadores de álcool em gel em todas as salas, reduzimos as carteiras nas salas, ou seja, todas as medidas que as escolas particulares estão tomando, nós também vamos tomar””, disse.

“Foram 60 dias de planejamento para o retorno das atividades presencias. Existe um protocolo de ‘seguracão’ junto a Fundação de Vigilância em Saúde que exigiu investimentos para aquisição de materiais. Estamos tranquilos. Tudo retorna com tranquilidade”, completou Barbosa.

O plano prevê:

  • Distribuição de um milhão de máscaras a todos os profissionais e estudantes, e uso obrigatório das mesmas;
  • Reforço nas práticas de higiene pessoal, como lavagem correta das mãos nas pias instaladas nos ambientes comuns
  • Distanciamento de, pelo menos, 1,5 metro entre as pessoas, tanto na sala de aula como nos corredores e refeitórios
  • Limpeza constante das superfícies para evitar a proliferação do vírus.

Para o retorno às aulas, todas as turmas serão divididas em blocos A e B, frequentando as escolas de maneira intercalada:

  • Às segundas e quartas-feiras, o bloco A assiste às aulas presenciais
  • Às terças e quintas-feiras, será a vez do bloco B conferir as atividades presenciais.
  • As sextas-feiras serão destinadas aos professores, que realizarão o seu planejamento de conteúdos.

Nos dias em que os estudantes estiverem em casa, eles deverão acompanhar os conteúdos por meio do projeto “Aula em Casa”, que terá a sua programação adaptada.

Na Escola Estadual Jacimar da Silva Gama, no Petrópolis, Zona Sul da capital, uma equipe de funcionários media a temperatura dos alunos com um termômetro nesta manhã, antes do início das atividades escolares. Os alunos receberam, também, máscaras e álcool em gel.

O coordenador das escolas que pertencem ao Distrito II, na rede pública de ensino, Orlando Moura, explicou que as aulas retornam com restrições. Na Escola Jacimar da Silva Gama, uma sala com uma turma de 40 alunos, hoje recebe 20 deles.

A escola, que é de tempo integral, deve continuar com o horário normalizado. Os alunos entram às 7h e são liberados às 16h30.

“Entre os novos procedimentos, as salas de aulas estão só com metade das carteiras. São dois grupos: o grupo de hoje recebe aulas às segundas-feiras e quartas. O segundo grupo, às terças e quintas. Enquanto um está aqui, o outro assiste aula de casa. Os alunos vão receber as orientações, padrões de segurança de saúde com relação a como se comportar”, explicou.

Ação na Justiça

Na semana passada, os professores chegaram a fazer uma manifestação contra a volta às aulas e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam) também acionou a Justiça para barrar a volta. A entidade protocolou uma Ação Civil Pública pedindo a suspensão do plano de retomada, e defendendo a manutenção das teleaulas. No entanto, na sexta-feira (7), a Justiça indeferiu o pedido e manteve o retorno dos estudantes. Na decisão, a juíza Etelvina Lobo Braga afirmou que, ao contrário do que o sindicato alegou, o Estado apresentou comprovação de que vem atuando para proporcionar segurança aos professores, alunos e demais trabalhadores.

A volta das escolas públicas acontece um mês após o retorno das atividades da rede privada de ensino. Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM), cerca de 60 mil alunos, distribuídos em pouco mais de 200 instituições privadas, já voltaram à “rotina” no modelo híbrido.

Já no interior a previsão é de que o retorno aconteça a partir de setembro e que as aulas se estendam até o início do ano que vem. Na capital Manaus a rede municipal de ensino também segue sem definição da data de retorno das atividades presenciais.

Matéria do G1



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