Os reflexos negativos da realização da sessão solene de entrega de títulos de cidadania honorária e homenagens pela Câmara Municipal na noite de sexta-feira (19) continuaram nessa segunda-feira (22), durante a reunião ordinária do Legislativo.

Manifestantes que já haviam estado do lado de fora da festa e mais alguns populares estiveram na reunião buscando explicações para a realização de um evento restrito custeado com verba pública. Já durante a reunião, foi pedida a autorização para o uso da Tribuna do Povo. Porém, o espaço de uso da palavra já estava agendado para Míris da Silva, funcionária de uma Lanchonete do Terminal Rodoviário, que aceitou ceder parte do tempo que teria para falar (20 minutos no total), para que um representante do movimento também usasse a Tribuna, o que não foi autorizado pelo presidente da Casa, Evandro Donizeth da Cunha (Piruca).

Com a negativa, os manifestantes se inflamaram contra os vereadores e o prosseguimento da reunião ficou comprometido devido aos gritos de ordem e críticas feitas aos edis. “Devolvam o dinheiro que gastaram”, “Falem da festa!”, “Não querem nos deixar falar porque sabem que estão errados”, foram algumas das frases ouvidas durante a reunião.

Mesmo com os conselhos de pessoas neutras que estavam na Casa, de que valia a pena autorizar o uso da Tribuna, Piruca foi irredutível.

No momento em que os vereadores fizeram pedido de providência, Cabo Cunha se pronunciou e pela primeira vez falou da polêmica, afirmando que reconhecia que foi um erro e que a melhor forma de solucionar a questão era comprometendo o Legislativo a não mais realizar o evento. O vereador foi seguido por Arnaldo Gontijo que também se disse arrependido por ter apoiado a festa e informou que doaria já nesta terça-feira (23), 10% do valor gasto na festa para a Santa Casa da cidade, já que a Câmara possui 10 vereadores.

Já Piruca disse que não houve nenhuma ilegalidade e que caso quisessem requerer os documentos da licitação estava tudo à disposição, feito na maior lisura possível, como tudo que é feito na Casa. “Todos os procedimentos da festa foram publicados no prazo exigido por lei e foi aprovado em plenário a lista de homenageados e a transferência da reunião para o Amarillis. Ninguém se manifestou antes para questionar nada, por isso prosseguimos, porque não há ilegalidade alguma”, disse o presidente que, em seguida encerrou a reunião com uma hora de antecedência.

Uso da Tribuna I

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Com os recorrentes furtos e roubos a comércios, funcionários e usuários do Terminal Rodoviário, após uma dezena de tentativas na busca de ajuda junto à administração municipal, a órgãos de segurança frustradas, a funcionária Míris Silva decidiu ir à Câmara e usar a Tribuna. Nova tentativa frustrada.

Apesar da seriedade da situação que tem colocado vidas em risco; enquanto Míris se pronunciava, em um discurso de menos de 5 minutos, os manifestantes continuavam reclamando da realização da festa e dizendo que naquela Casa nada era feito de bom, que os vereadores só queriam saber de comer e beber às custas de dinheiro público e que aquele pedido de ajuda de Míris não adiantaria nada.

Apesar da fala de poucos vereadores apoiando o pedido de Míris, a funcionária saiu frustrada da reunião por não ter tido o direito de ser ouvida.

Uso da Tribuna II

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Os manifestantes agora por meio de ofício tentarão novamente o uso da Tribuna do Povo. O presidente do Legislativo disse que há outras três pessoas que já entraram com o requerimento e só depois que essas forem atendidas, os manifestantes poderão se pronunciar na Casa formalmente. 

 

Lorene Pedrosa

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