Se o rio não mudar de curso nas próximas horas, Marcelo Oliveira será o treinador do Cruzeiro para a tão esperada temporada 2013, mesmo que isso possa significar uma afronta da nova diretoria, tão questionada em seu primeiro ano.
O presidente Gilvan de Pinho Tavares & Cia. pegaram o Cruzeiro em situação bastante complicada no início do ano. Aliada à política mercantilista de seu antecessor Zezé Perrella, Gilvan tentou mostrar logo nas primeiras semanas uma nova filosofia ao não vender Montillo, principal jogador da equipe. Veio para mostrar que o Cruzeiro não era mais um balcão de vendas e que poderia andar com suas próprias pernas ao lado da torcida, através do programa de sócio torcedor.
Por isso, dizem, precisou abrir mão de algumas coisas, como por exemplo manter Vagner Mancini e Dimas Fonseca em seus cargos. Não duraram cinco meses e o ano estava comprometido. Veio do América Alexandre Mattos, talento promissor do futebol mineiro, com novas ideias, e tentou apagar um fogo momentâneo. Seis meses mais tarde, seu trabalho também começa a ser questionado, mesmo que em menor escala.
Acredito que o teste de fogo da diretoria vem agora, com o planejamento para 2013. Não que o clube esteja nadando em dinheiro, mas o ano que vem vislumbra uma saúde financeira em melhores condições para a instituição, que não vai precisar entrar o novo ano com o atual técnico, ainda mantido no cargo de forma bem constrangedora.
Com o contexto turbulento, já que o Cruzeiro nem se livrou definitivamente do rebaixamento ainda, a diretoria tem dois caminhos a seguir: (1) mais cômodo, de tentar atender o anseio da torcida que cita constantemente Sampaoli, Adilson Batista e Luxemburgo como seus preferidos ou (2) apostar fielmente em sua filosofia e buscar um treinador que, em tese, se encaixe nela. Para isso, vale até apostar no ?atleticano? Marcelo Oliveira.
Marcelo é um cara do bem. Sempre teve seu nome fortemente ligado ao maior rival do Cruzeiro. Como treinador, além de trabalhar na base atleticana, começou a rodar o país com boas campanhas por CRB, Paraná até chegar ao Coritiba, onde por mais de dois anos recuperou o clube que estava na Segunda Divisão, chegou a duas finais da Copa do Brasil e acumulou bons números, como as invencibilidades no Campeonato Paranaense (47 jogos) e no estádio Couto Pereira, onde a equipe ficou 10 meses sem perder. Oliveira tem a facilidade de trabalhar com jogadores de base, um dos grandes pedidos do torcedor cruzeirense. Os próprios dirigentes do Cruzeiro, até mesmo o Zezé, sempre ressaltam que o clube gasta muito com a base. Olhando de fora, o dinheiro até parece ser ?jogado fora?, já que o profissional nunca faz a transição devida dos jovens valores do clube para o time de cima. Talvez esta seja a maior aposta da diretoria ao pensar em Marcelo Oliveira. Seguindo essa linha de raciocínio, o nome é coerente.
O grande contra da coisa é o atual momento do Cruzeiro. Pelo simples fato de ter seu nome ligado ao Atlético, a diretoria já caça uma sarna para coçar. E caçar sarna para coçar nessas horas talvez não seja o melhor caminho. Ou pelo menos não é o caminho mais prudente.
Marcelo Oliveira vai chegar com uma pressão maior do que a normal. Por outro lado, a torcida tem que levar em consideração que o próprio Marcelo tem essa ?noção do perigo?. Ele poderia simplesmente não aceitar. Se aceitou (ou aceitará), é sinal de que ele acredita no projeto e está disposto a encarar o desafio, por ambição profissional. É um risco calculado que a diretoria e o técnico estão propensos a encarar. E talvez seja isso que esteja faltando ao Cruzeiro dos últimos anos: gente que encare os desafios de frente e não se acomode. Marcelo está longe de ser preferência entre os cruzeirenses. Mas vai que cola. Pode ser?
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