Uma médica convidada para participar da sessão da Câmara de Itaúna, na terça-feira (15), defendeu o uso de remédios e tratamentos sem eficácia contra a Covid-19. A hematologista Cláudia de Bessa Solmucci participou da reunião on-line a convite do vereador Ener Batista (PSL).

A Prefeitura de Itaúna publicou uma nota de repúdio informando que a médica “promove desinformação delicada”.

Já o representante do Conselho de Medicina do Centro-Oeste, Eduardo Dias Chula, disse à TV Integração que o médico tem autonomia para passar o medicamento se o paciente concordar.

Durante a sessão, os vereadores informaram que a presidência da Câmara e a Mesa Diretora, não se posicionam a favor nem contra o tratamento.

Discurso

A médica hematologista Cláudia de Bessa Solmucci foi chamada, segundo a Câmara, pois o tema tem sido constantemente abordado na cidade. A médica defendeu o uso de remédios e tratamentos sem eficácia contra a Covid-19, chamado de “Kit Covid”.

Ela afirmou que, em março de 2020, estava em Portugal quando começou a estudar e procurar trabalhos científicos que pudessem ajudar no enfrentamento da pandemia. “Alguns citavam a eficácia da hidroxocloroquina na epidemia asiática. Como eram vírus da mesma família se justificava o estudo”.

“Era natural que tentássemos oferecer estas evidências, que não eram tão fortes. Não temos culpe se [Donald] Trump e [Jair] Bolsonaro resolveram falar de remédio não”, disse.

A médica afirmou que criou um grupo de WhatsApp, ainda em 2020, com familiares, amigos e pacientes que queriam orientações.

“Para minha alegria, após nove meses de profilaxia medicamentosa, usando a ivermectina e/ou a hidroxocloroquina, associadas, é claro, às medidas sanitárias, nosso grupo, que na época contava com mais de 200 pessoas, passava incólume”, afirmou.

Ela disse ainda que passou a fazer parte de grupo de discussão de médicos de todo o país e de médicos voluntários dispostos a fazer o tratamento.

https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html “Inicialmente em Manaus, nosso grupo participou do tratamento imediato da Covid e já conta com mais de 5.000 atendimentos a paciente e seus familiares. Inquestionáveis são os resultados que obtivemos e foram documentados e analisados. Estes ainda não foram publicados”, disse.

Mesmo sem comprovações científicas, ela disse que é dever do profissional de saúde esclarecer para o paciente todas as opções terapêuticas. A médica se colocou à disposição para ajudar a implantar o tratamento em Itaúna.

Após questionamento dos parlamentares, a médica disse ainda que as vacinas têm menos evidências que os medicamentos defendidos por alguns médicos e que alguns profissionais da saúde defendem tanto o medicamento e quanto as vacinas.

Ela reforçou que o tratamento não exclui as medidas sanitárias implantadas pela Prefeitura e que só participou da reunião para auxiliar no debate.

Repúdio

A Prefeitura, logo após a sessão da Câmara, emitiu uma nota de repúdio pela declaração da médica.

Confira a nota na íntegra:

A Prefeitura de Itaúna repudia veementemente a grave declaração da médica hematologista Dra. Cláudia de Bessa Solmucci (CRM-MG: 20.385), proferida em reunião da Câmara Municipal de Itaúna em 15 de junho de 2021. Ao afirmar que medicamentos de tratamento defendido pela profissional tem mais eficácia do que vacinas no enfrentamento a Covid-19, a mesma promove desinformação delicada, fazendo com que sua fake news coloque mais vidas em risco. Nações que valorizaram a importância da vacina e aplicaram de forma massiva o imunizante, já possuem grandes avanços no cotidiano de seus habitantes bem como uma redução drástica no contágio e da gravidade da doença.

Tratamento sem comprovação científica

A Prefeitura está do lado da ciência. É um tema já pacificado em todo mundo e lamentamos que ele ainda esteja em voga no Brasil e em Itaúna por consequência. A Administração ressalta que não irá adotar o dito “tratamento” como política pública devido sua não comprovação científica. Além do potencial perigo de acarretar problemas a saúde, ao gestor pode ser imputado crime de responsabilidade. Pedimos a população que continue usando o único kit que é realmente eficaz: máscara, higiene constante, distanciamento e consciência. Esperamos também do Governo Federal uma postura mais eficaz na compra e distribuição do imunizante.

Conselho de medicina

O representante do Conselho de Medicina do Centro-Oeste, Eduardo Dias Chula, disse à produção da TV Integração que a posição dos conselhos Federal e Regional de Medicina prevê que o médico tem autonomia para receitar ou não a medicação.

Neste caso, o paciente precisa concordar em fazer o uso dos medicamentos e assinar um termo de consentimento que está fazendo o uso de medicamentos que “provavelmente” fazem efeito contra o vírus, mas que “definitivamente” não foi comprovado 100%.

Fonte: G1

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