No fim da semana passada,
pesquisadores das duas instituições publicaram os resultados de um estudo que
afirma ter encontrado um tipo de açúcar essencial para a criação de vida em
fragmentos de meteoritos. Os meteoritos foram recolhidos em diversos lugares da
Terra e o açúcar em questão é a ribose, um constituinte essencial do ácido
ribonucleico, ou RNA.
O RNA é um tipo de ácido nucleico
formado por unidades menores chamadas nucleotídeos. Mas o mais importante é que
o RNA participa de várias funções biológicas, como a codificação genética e a o
reconhecimento de proteínas.
O RNA é uma das macromoléculas essenciais à vida, como é o ácido desoxirribonucleico (DNA), as proteínas, os lipídeos e os carboidratos. O RNA “informa” ao DNA como os organismos devem produzir as proteínas, por exemplo.
De acordo com Yoshihiro Furukawa, o líder desse estudo, o RNA deve ter
sido o responsável pelo surgimento e desenvolvimento inicial da vida na Terra:
ele tem uma molécula muito mais simples e que tem a capacidade de se replicar
sem a ajuda de outras moléculas, ao contrário do DNA.
Além disso, os açúcares que compõem o
DNA ainda não foram encontrados em meteoritos. Ou seja, muito antes da formação
da molécula de DNA, já havia condições para a formação da molécula de RNA.
Uma das consequências deste estudo é
que a química essencial à vida tem condições de ser processada em asteroides e
meteoros ao longo de bilhões de anos. Os asteroides e meteoros, assim como
cometas também, poderiam transportar esses ingredientes pelo espaço e ao
atingir um planeta com condições favoráveis, fazer com que a vida surja, ou se
desenvolva mais rápido.
No início do Sistema Solar, havia muitos objetos como meteoros e asteroides vagando por entre os planetas ainda em formação. Nessa época a Terra passou por um período de intenso bombardeio sendo alvo desses asteroides de diversos tamanhos.
Por essa época a vida pode ter
surgido na Terra, ou mesmo ter sido trazida de fora, mas a frequência e a
violência desses impactos impediram que ela florescesse. A isso soma-se o fato
de não haver, ainda, uma substância essencial à vida: a água.
A própria água deve ter sido trazida
de carona em cometas na época do ‘Grande Bombardeio’, de acordo com as teorias
mais aceitas. Assim que a frequência e a violência dos impactos se reduziram, a
água pode se condensar formando lagos e oceanos. Com a entrega da ribose
através de asteroides, teria sido possível formar RNA numa época pré biótica na
Terra e a partir disso a vida pode surgir e evoluir.
Essa é uma questão fundamental da
astrobiologia, se a vida surgiu na Terra a partir de elementos disponíveis,
digamos, naturalmente, ou surgiu com a contaminação de substâncias vindas de
fora.
Ainda vai demorar muito tempo até que se tenha certeza de qual situação deve ter prevalecido, mas ao que tudo indica, tivemos uma ajudinha de um açúcar extraterrestre!
Fonte: G1 ||