Na tentativa de tornar as vagas para médicos nas regiões pobres do país mais atrativas aos profissionais, a presidente Dilma Rousseff lançou ontem um pacote de benefícios para aqueles que aceitarem o desafio. O programa ?Mais Médicos para o Brasil? vai oferecer salário de R$ 10 mil, além de auxílios alimentação e moradia por três anos de trabalho em cidades onde há maior carência de médicos. Minas Gerais tem 78 municípios considerados prioritários, com menos de um médico para cada grupo de mil habitantes ou sem nenhum profissional morando no local. Eles estão nas regiões Norte e do Vale do Jequitinhonha, e o profissional que se transferir para alguma de suas cidades ainda receberá um bônus de R$ 20 mil.
O governo federal vai lançar, hoje, três editais que integram o pacote para a saúde. Um para os médicos interessados em se candidatar às vagas, outro para a adesão dos municípios ao programa ? eles terão 14 dias para enviar ao Ministério da Saúde o déficit local de médicos ?, e um terceiro para selecionar as universidades públicas que atuarão como instituições supervisoras dos médicos que receberão treinamento para atuar no projeto.
No total, o governo mapeou 1.290 municípios no país em situação de alta vulnerabilidade social. Os maiores problemas estão no Norte e no Nordeste do país. Essas localidades terão prioridade para o preenchimento das vagas já a partir de setembro. Será respeitada uma ordem de prioridade entre os médicos. Os primeiros selecionados serão os brasileiros. Em seguida, os brasileiros que se formaram fora do país e, por último, os estrangeiros. Médicos de Espanha e Portugal terão prioridade entre os estrangeiros pela facilidade de idioma. Mas não está excluída a vinda de cubanos.
Críticas
O anúncio veio acompanhado por críticas, tanto de representantes de entidades de classe, quanto de prefeitos. O presidente da Associação Médica de Minas Gerais, Lincoln Lopes Ferreira, reclama que não foi criada uma carreira médica, o que daria estabilidade para os profissionais. ?O problema não é o salário. Nunca foi. Tem cidade que paga mais que R$ 10 mil e não tem profissional interessado. Ninguém tem segurança profissional para largar o que já tem e ir para um local sem estrutura?, argumenta.
Já o prefeito de Angelândia, município de 8.000 habitantes no Vale do Jequitinhonha, é enfático ao afirmar que o problema não é o salário. ?Pagamos R$ 17 mil e mesmo assim ainda faltam interessados nas vagas?, explica Thiago Levy (PMDB).?Seria mais interessante que o governo investisse em infraestrutura?, completa.

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