A bacia do rio São Francisco continuará sendo o principal alvo das hidrelétricas no país caso um estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, siga adiante. Entre 71 projetos de hidrelétricas com reservatórios, possíveis de serem implantados no Sistema Interligado Nacional (SIN), e com estudos aprovados na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a EPE selecionou 25, considerando a capacidade de armazenamento e de geração de energia. Desses, 13 estão no Estado de Minas Gerais e 11 se concentram na bacia do rio São Francisco. Os investimentos previstos para esses projetos são cerca de R$ 11 bilhões.

“Em uma primeira leitura do estudo, não concordamos porque ele considera apenas a máxima produção de energia elétrica. A própria EPE deveria fazer um levantamento ambiental antes e considerar os diversos usos da água da bacia”, pondera o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Wagner Soares. Outra crítica feita foi o estudo ter sido realizado baseado em projetos antigos, que desconsideram a realidade atual do São Francisco. “Alguns projetos são datados da década de 1990, as coisas mudaram de lá para cá”, afirma o vice-presidente.

Já o Ministério de Minas e Energia informou via nota que o estudo desenvolvido pela EPE são “preliminares e indicativos”. Segundo a nota, “ainda deverão ser, posteriormente, realizados estudos de viabilidade econômica e ambiental e somente após estes estudos os projetos seguem para leilão”.

Mesmo com a preocupação ambiental, para o diretor da Tymos Energia, Ricardo Savoia, é necessário tirar os projetos do papel para garantir a geração de energia no médio prazo. “As hidrelétricas com reservatórios são, ainda, a forma mais segura de gerar energia. As fontes renováveis, como a eólica, são complementares. Já a energia térmica é muito cara. O custo médio de Belo Monte é de R$ 100 por Kw/h. O custo médio de uma usina térmica é de R$ 200 a R$ 300 por Kw/h”, diz.

Para Savoia, não faltariam investidores caso os projetos fossem a leilão. “A Cemig tem interesse em todos eles, a gente acompanha detalhadamente esses projetos, muitos deles estão ainda embrionários, outros mais maduros. Sem dúvida, somos o player mais competitivo e vamos participar de todos os leilões”, afirmou o presidente da Cemig, Mauro Borges.

 Cemig vai ampliar participação em leilões

A Cemig deve retornar aos leilões dos projetos de geração de energia com foco na energia solar. “Acredito que a alternativa solar para Minas é de grande potencial. Muitas vezes pode ser muito mais benéfico para a geração de energia, para o país, e para Minas Gerais, apostarmos em energia solar. Temos o melhor atlas do Brasil de energia solar”, afirmou o presidente da Cemig, Mauro Borges.

O presidente também avisou que a companhia vai voltar a outro leilões. “A Cemig voltou para os leilões. Por mais de 10 anos, a Cemig não participou de leilões, estava comprando ativos já operacionais na área de geração de energia hidráulica. Nós voltamos, participando do leilão de Itaocara na divisa de Minas com Rio de Janeiro. É o primeiro de muitos porque a Cemig é muito competitiva. Temos um corpo de engenharia de alta qualidade e não tem porque a gente não participar”, disse.

Borges mostrou preocupação com projetos de hidrelétricas na bacia do rio São Francisco. “Para se viável, uma usina ligada ao São Francisco tem que ter muito cuidado porque a prioridade é a recuperação do rio”, advertiu.

O Tempo

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