Com 23 mortes confirmadas, Minas Gerais vive o maior surto de febre amarela de sua história. A doença ainda avança para fora da unidade regional leste (onde até então se concentrava) com a confirmação da morte de um homem no Distrito Federal – ele teria se contaminado em Januária, no Norte de Minas. O caso, porém, ainda começará a ser apurado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que trabalha com a concentração dos doentes e mortos apenas no leste, que engloba as regiões Vale do Mucuri e Zona da Mata. Há ainda a suspeita de morte de macacos, indicativo da febre amarela, em cidades do Sul e do Triângulo mineiro.

O balanço oficial divulgado nessa quinta-feira (19) apontava 206 casos notificados, 34 confirmados para febre amarela. Desses, 23 resultaram em morte, 15 a mais que os oito de balanço do dia anterior. Outros 31 óbitos seguem em investigação. “Esses óbitos já estavam notificados, nós tínhamos resultado laboratorial para febre amarela, mas não tínhamos informações de todo o quadro clínico”, afirmou o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said. Segundo ele, não há possibilidade de essas mortes terem sido causadas por febre amarela vacinal. Os anos de mais registros até então haviam sido 2001, com 32 casos da doença e 16 óbitos, e 2003, com 58 casos e 21 mortes.

Desde quinta-feira , a SES não utiliza mais o conceito de casos prováveis, e sim de suspeitos ou confirmados. Para que uma notificação receba confirmação para febre amarela, é necessário exame laboratorial positivo para a doença, exame laboratorial negativo para a dengue, constatação de ao menos três sintomas compatíveis e realização de exames complementares que indiquem disfunção renal e hepática.

Ainda nessa quinta-feira, o governo de Brasília confirmou a morte do homem de 40 anos por febre amarela. Ele teria sido infectado em Januária e chegado a Brasília na segunda-feira (16) para visitar o irmão, já com sintomas da doença, como convulsões e insuficiência renal. Ele morreu na quarta-feira (18). A secretaria de Saúde de Januária investiga o caso.

A SES, por sua vez, ainda não começou a apurar o caso e garante que trabalha para evitar o avanço da doença. “Nosso decreto de situação de emergência é regional, muito focado na região leste. A possibilidade (de a doença se espalhar) existe, mas é muito remota”, disse Said – ele frisou que 95% das vítimas são homens, aposentados ou lavradores da zona rural, e que não haviam sido vacinados. Segundo ele, rumores da morte de macacos no Sul e no Triângulo Mineiro também não são motivo de alarme, mas ressaltou que a vacinação é importante nesses locais.

O infectologista Carlos Starling não vê motivos para alarme da população de Belo Horizonte, já que os principais focos da doença estão localizados em áreas rurais.

 

Chapada do Norte não confirma óbito

O secretário municipal de Saúde da cidade do Vale do Jequitinhonha, Oldair José de Macedo, descartou na quinta-feira (19) a causa de uma morte no local como sendo por febre amarela, como chegou a ser divulgado. Segundo ele, Chapada do Norte, com cerca de 16 mil habitantes, não registrou sequer casos suspeitos da doença.

Depois da reclamação feita pela Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (Asthemg) de que telas instaladas em janelas do hospital Eduardo de Menezes, referência para o tratamento da febre amarela, estavam rasgadas e funcionários não tinham sido imunizados, uma comissão da Câmara Municipal fará nesta sexta-feira (20) uma visita ao local.

 

Verba já era prevista para a saúde

O secretário de Estado da Saúde, Sávio Souza Cruz, confirmou nessa quinta-feira (19) que parte do recurso anunciado pelo governador Fernando Pimentel (PT) para o combate à febre amarela é de verba para a atenção básica já prevista no Orçamento do ano passado e com repasse em atraso. Há uma semana, Pimentel anunciou R$ 26 milhões para auxiliar as prefeituras no interior.

Segundo o secretário, além de um recurso de R$ 12 milhões destinado à vigilância, foram repassados R$ 14 milhões à atenção básica que estavam atrasados. “Todo recurso que chega numa situação de surto é bem-vindo. Além do recurso que foi liberado para a vigilância, o governo cuidou de liberar para os 152 municípios das quatro regionais de saúde onde há casos um quadrimestre dos dois que estavam atrasados da atenção básica”, afirmou.

O deputado Arlen Santiago (PTB), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, reclamou da manobra. “É uma vergonha o que o governador está fazendo. Acredito que praticamente todo esse recurso é composto de verbas de atenção básica que já deveriam ter sido enviadas aos municípios no ano passado e não foi feito. Se tivesse ocorrido esse repasse, os municípios poderiam ter atuado de uma maneira mais efetiva no combate à doença, e não estaríamos nessa situação”, disse o parlamentar.

 

Fonte: O Tempo ||http://www.otempo.com.br/cidades/minas-registra-o-maior-surto-de-febre-amarela-da-hist%C3%B3ria-1.1425510

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