Nenhum mineiro está na lista de parlamentares que concorrerão ao Prêmio Congresso em Foco – que vai eleger os deputados federais e senadores que melhor representam a população -, elaborada por jornalistas credenciados para fazer a cobertura diária do Poder Legislativo federal.
Dos 11 senadores e 25 deputados na disputa, a maioria é de São Paulo (12), Rio de Janeiro (7) e Rio Grande do Sul (6). Mas Estados com menor tradição política que Minas – como Goiás, Pernambuco, Mato Grosso, Maranhão e Amapá – contam com um representante cada. Já o Distrito Federal, com apenas oito deputados federais, tem quatro.
O desempenho dos mineiros no Congresso acompanha um movimento que acontece também nos Poderes Executivo e Judiciário. No governo Dilma Rousseff, o número de ministros de Minas caiu de três – na gestão anterior – para um. No Superior Tribunal de Justiça e nas demais Cortes superiores, a representatividade também é baixa, conforme os próprios parlamentares.
Análise
Para o presidente do Comitê de Imprensa do Senado Federal, o jornalista Fábio Marçal, que há 25 anos acompanha a rotina política de Brasília, a bancada de Minas nunca foi tão inexpressiva como agora. A liderança mineira mais importante no Congresso era Itamar Franco, colocou, em referência ao ex-presidente da República e senador, falecido em julho.
Para Marçal, a pequena notoriedade dos mineiros se deve, sobretudo, ao comportamento do senador Aécio Neves (PSDB) – o último mineiro a ocupar cargo de comando no Congresso, como presidente da Câmara, entre 2001 e 2002.
A bancada é muito dependente dele. E, como Aécio está meio apagado, todos sentem o reflexo, disse.
Relação traduz forças da imprensa, diz cientista
Para o cientista político da Universidade Federal de Minas Geras (UFMG), Fábio Wanderley, a ausência de mineiros na lista de parlamentares que concorrerão ao Prêmio Congresso em Foco traduz uma disposição de forças que é da própria imprensa.
Como a elaboração da lista dos concorrentes se dá por meio do voto dos jornalistas que fazem a cobertura do Congresso – em sua maioria, de veículos de São Paulo, Rio ou Brasília – a escolha dos nomes acaba enviesada, explicou.
Acho estranho que uma figura como Aécio não seja considerado um bom senador, colocou Wanderley. Para ele, o eleitor não pode se deixar levar apenas por levantamentos desse tipo. (TF)

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