Moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, levaram dezenas de corpos à praça São Lucas, na madrugada desta quarta-feira (29), um dia após a operação policial mais letal da história do estado. As vítimas foram encontradas na mata que liga os complexos do Alemão e da Penha, palco da ação que deixou, segundo o governo, 64 mortos. A contagem oficial, no entanto, pode ser ainda maior, já que ao menos 40 corpos foram levados à praça por moradores.
Os corpos foram dispostos lado a lado na praça, cercados por moradores que tentavam reconhecer familiares e amigos. A cena, marcada por comoção e desespero, ocorreu enquanto mulheres choravam e se abraçavam ao identificar alguns dos mortos. “Meu filho”, gritou uma delas, em prantos.
Entre os relatos, a mãe de um jovem de 20 anos afirmou ter encontrado o filho na mata com os pulsos amarrados. “Dava tempo de socorrer”, disse. A advogada Flávia Fróes, que acompanhou a retirada dos corpos, relatou que alguns apresentavam marcas de tiros na nuca, facadas nas costas e ferimentos nas pernas. Ela classificou a ação policial como “o maior massacre da história do Rio de Janeiro”.
Defensores de direitos humanos solicitaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) o envio de interventores e peritos internacionais para acompanhar o caso. Por volta das 7h da manhã, os corpos foram descobertos e exibidos à imprensa. Segundo o ativista Raull Santiago, a exposição foi uma decisão das famílias, que queriam mostrar em que condições os corpos foram encontrados. “Uma cena que entra para a história de terror do Brasil”, afirmou.
Até o momento, o governo estadual não se pronunciou sobre os corpos encontrados fora da contagem oficial. Enquanto isso, a praça São Lucas se tornou símbolo do luto e da indignação dos moradores do Complexo da Penha, que denunciam o que consideram uma das maiores tragédias já registradas em operações policiais no Rio de Janeiro.
Com informações do O Tempo










