Com sua sede no entorno da praça da Liberdade em reforma, o Memorial Minas Gerais Vale leva para o Parque Municipal, a partir desta quarta-feira (15), sua nova exposição, “Oriará – Arte e Educação em Movimento”, que traz obras de seis artistas negros e indígenas, representantes de diversas regiões de Minas. São eles: Edgar Kanaykõ Xakriabá, Maria Lira, Aldeia Floresta Maxakali, Froiid, Marcel Dyogo, Dayane Tropicaos e Jorge dos Anjos.

Com curadoria do Programa Educativo do Memorial Vale, a mostra propõe reflexões sobre temas como oralidade, território, linguagem, tecnologias e bem viver, seguindo em cartaz até 8 de fevereiro, com visitação gratuita de terça a domingo, das 9h às 17h.

A iniciativa integra o projeto Memorial Vale Itinerante, que pretende, por meio da arte contemporânea, pensar sobre as heranças culturais indígenas e afro-brasileiras por meio de atividades e atrações levadas a 10 cidades mineiras em uma carreta de 15 metros de comprimento, especialmente adaptada para o transporte e a exibição das obras. Além de BH, portanto, “Oriará” vai passar por elo Vale, Jaíba, Congonhas, Curvelo, Itabira, São Gonçalo do Rio Abaixo, Barão de Cocais, Brumadinho e Nova Lima.

Foto: HB Audiovisual/Divulgação

No material de divulgação do novo projeto, o equipamento cultural informa que a palavra “Ori” vem do Yorubá e significa cabeça, sendo a raiz da palavra Orixá, que designa divindades africanas cultuadas nos territórios brasileiros. Já “Ará” tem origem Tupi-Guarani, possuindo um mosaico de significados: dia, sol, nascer, surgir, todo ser vivente, tempo.

Para Wagner Tameirão, gestor do Memorial Vale, a mostra, alinhada a esses significados, se aprofunda na produção artística contemporânea mineira e no conhecimento sobre as culturas indígenas e afro-brasileiras.

Artistas e obras
Entre as obras que integram a mostra, está “Hemba”, uma fotografia sobre tecido, trabalho de Edgar Kanaykõ Xakriabá, indígena Xacriabá e mestre em Antropologia, que tem no registro fotográfico a sua principal ferramenta de expressão artística, capturando momentos de cuidado, jogos e cultos de seu povo.

Já Maria Lira, artista autodidata do Vale do Jequitinhonha, apresenta “Sem Título – Pigmentos naturais sobre pedra” composta por pedras de formas variadas, que são pintadas, preenchendo desenhos de bichos e plantas, que remetem às pinturas rupestres existentes em muitas cavernas de Minas Gerais.

Os Tikmũ’ũn, da Aldeia Escola Floresta Maxakali no Vale do Mucuri, leva para a mostra a obra imersiva “O Que Tem na Roça”, uma animação digital, com desenhos em caneta hidrocor e lápis de cor sobre papel que retrata a diversidade de plantas cultivadas na aldeia e denuncia a destruição da mata.

Froiid, um artista multidisciplinar que trabalha com o tema dos jogos populares em suas obras, apresenta “Os Petelecos”, reunindo jogos de tabuleiro feitos com madeira e pregos.

Já o artista visual Marcel Dyogo recorre a caixas de papelão, papel manteiga e iluminação para realizar “Já Quase Esqueci Seu Nome”, obra que questiona o apagamento de informações sobre as comunidades indígenas em Minas Gerais.

Por sua vez, a artista visual Dayane Tropicaos, de Contagem, usa 10 uniformes de trabalho na instalação “Abre Caminho”, transformando esse símbolo de disciplina para discutir os lugares impostos a populações subalternizadas.

Jorge dos Anjos, cujo trabalho transita entre desenho, pintura, escultura e design, leva para Oriará sua “Obra”, uma pintura sobre lona de caminhão que, como em outras obras assinadas por ele, combina símbolos geométricos e escritas ancestrais que representam expressões e manifestações culturais afro-brasileiras.

Conectando este conjunto de trabalhos, o “Varal dos Saberes” convida o público a refletir sobre os eixos curatoriais da exposição: “Cotidianos”, com reflexões sobre o modo de viver e meio em que se vive; “(Re)Existências”, com estratégias para viver e existir; e “Futuros”, com elaborações sobre um futuro abundante construído a partir da ancestralidade. Nesta etapa da mostra, três elementos são combinados: perguntas, imagens e um mapa digital com informações sobre a ocupação territorial de Minas Gerais por povos indígenas e comunidades quilombolas.

Outras atividades
Além das obras, a exposição promove, no Parque Municipal, em quatro fins de semana consecutivos, uma programação de atividades culturais e educativas gratuitas.

Abrindo a série, neste sábado (18), às 10h, o espetáculo “Mininessa Sabi”, das Makambas Brincantes, mistura palhaçaria, cantoria, brincadeiras e contação de histórias com referências na cultura afro-brasileira. No mesmo dia, às 14h, o Cortejo OriSamba realiza uma celebração que preserva e exalta tradições culturais de BH, com muitas cores, toadas e ritmos afro-brasileiros. No domingo (19), às 10h, a Aldeia Katurãma apresenta “Awê”, uma imersão na cultura Pataxó, com histórias, danças típicas e demonstração de jogos tradicionais indígenas.

Já no dia 25, em dois horários, às 10h e às 14h, as artistas Elaisa de Souza e Jocasta Roque apresentam o espetáculo “Rainhas”, que exalta a força das Yabás, orixás femininas, em contação de histórias afro-brasileiras. No dia seguinte, às 16h, o Parque Municipal recebe um show com roda de capoeira e samba de roda em homenagem a Mestra Mãe Ieda, capoeirista, benzedeira e ícone da cultura afro-brasileira de BH.

No dia 1º de fevereiro, às 14h30, Thiago Braz realiza uma apresentação em voz e violão do projeto “Canto Ancestral – Som de Existência”, com repertório que homenageia a música negra brasileira. No dia 2, às 9h, ocorre o Cortejo Afoxé ÒGÚN DÉ, propondo um momento de celebração, com ritmos, cantos e danças que emanam a força das tradições religiosas afro-brasileiras.

Por fim, no dia 8, às 11h, o show “Samba de Agô” une samba de terreiro, samba raiz e axé em uma vibrante celebração cultural.

SERVIÇO:
O quê. Exposição “Oriará – Arte e Educação em Movimento”
Quando. Abertura nesta quarta-feira (15). Até 8 de fevereiro. Visitação de terça a domingo, das 9h às 17h
Quando. Parque Municipal Américo Renné Giannetti (avenida Afonso Pena, 1.377, centro)
Quanto. Gratuito

 

Fonte: O Tempo

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